“Vila
Aricanduva”
Vila Aricanduva,
ou apenas “Vila”, como é conhecida por seus moradores, é um bairro simpático e
bucólico, localizado às margens do Córrego de mesmo nome e faz fronteiras com
Vila Matilde, Penha de França e Vila Manchester. Seu nome, Aricanduva, é de
origem Tupi e significa “sítio de aíris”, um tipo de palma muito comum na várzea
do rio. Existem menções sobre vilarejos indígenas e pequenas comunidades
quilombolas na região datadas do século XVII.
A “Vila” nasceu,
segundo pesquisas, já organizada como bairro, provavelmente entre 1902 e 1905,
ainda com o nome Guayaúna (caranguejo preto, em guarani), referindo-se à
estação ferroviária homônima, da antiga linha da Central do Brasil, que cortava
o eixo leste e ligava o Rio de Janeiro à estação da Luz.
Nos anos vinte, a
região foi palco de treinamentos do Tiro de Guerra das tropas Paulistas e
abrigou por algum tempo o então ex-presidente do Estado de São Paulo, Carlos de
Campos, que se refugiou das forças revoltosas egressas da Revolução de 1924.
Estes episódios renderam ao bairro um estatus de “abrigo” e de “lugar seguro”.
Anos mais tarde, a estação ferroviária passou a se chamar Estação Carlos de
Campos e, com isso, o bairro gradativamente passou a utilizar seu nome oficial.
A Paróquia São
Pedro Apóstolo funcionava como uma espécie de centro da Vila. Pequenos
comércios, escolas e a maioria das residências, foram se formando a partir
dela. O Externato São Pedro (atual Vicente Pallotti), hoje com 67 anos,
sediou-se nestas imediações e era uma das poucas escolas particulares da então
jovem Zona Leste.
Os aricanduvenses
ainda podiam contar com boa diversão! Em 1948, foi inaugurado, na antiga Rua
Washington Luís (atual Professor Miguel Russiano), o Cine Cacique que oferecia
em suas matinês, sessões com filmes das Cias. Vera Cruz e Atlântida. Mazzaropi,
Grande Otelo e Oscarito eram programa obrigatório nas tardes de domingo.
A tradição e a
longevidade são e sempre foram características dos moradores e comerciantes da
Vila. Quem não se lembra da venda do “seu Antônio”, da farmácia do “seu
Osvaldo”, do “Colégio Caetano Cortelli”, do botequim do “Suma”, da mecânica do
“Giovanni”, da “Foto Caio”, da “Fábrica dos Affonso” dos “Tênis Maracanã” e das
festinhas do SAVA? O curioso casarão das “senhoras alemãs”, a “rua de lazer” e
as decorações de rua para Copas do Mundo?
Hoje, tomada por
novos empreendimentos imobiliários, muitas das antigas casas enormes,
características da Vila, foram demolidas para dar lugar a condomínios de
sobrados que abrigam acolhedoramente uma nova safra de moradores mais
abastados. Mesmo assim a Vila não perdeu a sua seiva, seu DNA, sua raiz. A
geração dita intermediária, hoje na faixa quarenta anos, mesmo morando em
outros bairros, reúne-se periodicamente numa pequena pastelaria que os empresta
a calçada para deliciosos churrascos regados a muita nostalgia.
A chegada do
metrô, novas linhas de ônibus e lotações, novas (e boas) escolas, escritórios e
indústrias, clínicas e consultórios, alçaram o velho bairro bucólico a um
patamar mais moderno. Mas é incrível observar e, mais ainda acreditar que, com
tanto progresso a Vila Aricanduva ainda pode ser considerada um “oásis” em meio
à urbanização paulistana. A alma de Guayaúna jamais morreu. É, de fato, uma
cidadezinha dentro da cidade. Um paraíso saudoso em meio à Zona Leste!
Rodrigo Augusto Fiedler
Voz de morador:
“...Moro na vila desde os anos 70, já há 42 anos...
Tenho muito orgulho do bairro que vi e que me viu crescer, afinal, passei toda
a minha vida nele.
...Vi toda recente evolução do bairro... a retirada dos paralelepípedos da Júlio
Colaço, a inauguração do Metrô Penha mas, nunca vou me esquecer dos antigos
costumes: quase todas as famílias tinham caderneta para comprar em seus
mercadinhos!
por
Silvio
“Alemão” Reis
Muitos abos de Vila, me entristece em ver que os novos moradores não interagem com os antigos.
ResponderExcluirMagda Murr
Belo texto! Parabéns! A minha infância foi na Vila Aricanduva brincando com carrinhos de rolemã, pipas, balões e muito futebol no campinho. Lembro que o caminhão de gás e o de carne, encalhavam nas ruas de terra. Tempos Felizes no "Morro do Querozene"..rs
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