sábado, 9 de março de 2019

"Homens do Mar"

“Homens do mar”

Foi num bar à beira cais
Que vi  pela primeira vez
Marujos cansados de Mar:
Transeuntes aquáticos sem guelras
                                                       Ou escamas
Seres do mar sem espinhas ou barbatanas
Em terra firme
Comendo ainda peixes de lá
De onde andaram por sobre as águas
E pescaram amores com iscas de saudade
Nos anzóis das inverdades – das estórias de pescador.

Famintos, suados, rudes e falastrões
Cada qual com sua verdade de mentira
Sobre gueixas japonesas ou
Cangurus australianos
E redes cheias de ornitorrincos da Oceania
Mas muitos deles nunca saíram dos mares do Brasil
Suas mentes sim – saem sempre
Navegam por mais de sete mares e cinco continentes
Conhecem mil línguas, mil mulheres e infinitos indigentes

Mentes marujas que marejam  e margeiam  o infinito!

E eu ali calado os fitava com os olhos urbanos de quem navega no asfalto
E nem que eu falasse bem alto
Naquela torre de babel do encontro dos quatro cantos do mundo
Seria quiçá escutado
                  Ouvido
                  Reverenciado

Pois eu ali, era nada
Para eles eu nem ali estava...
 Ninguém estava...
Nem eles estavam...

Porque para sempre, aqueles homens transeuntes aquáticos sem guelras
Estariam no mar
Mesmo em terra firme, eles estavam no mar.
Rodrigo Augusto Fiedler

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