I-Juca Ribeiro
...Sou bravo sou forte, sou filho do norte...
Meninos eu vi!!!
Esse índio branco negro e sem morte,
esse índio Darcy,
Brasileiro, Ribeiro, faceiro, do mundo inteiro
Juro que vi!!!
No CIEP, em Roraima, no Acre
ou em São João de Meriti
Em Nilópolis, Caxias, Niterói, Amazonas, Xingu ou logo ali
Por um Brasil de índios e gentes
De documentados ou indigentes
De doutores e sem dentes
Meninos eu vi...
Muito mais do que um I-Juca Pirama
Eu vi brasileiro, Ribeiro, carioca e em Copacabana
O índio Darcy
Darcy de Maíra
Darcy de Glauber Rocha
Essa flor que desabrocha
Essa flor chamada Darcy
Pajé, cacique, doutor
Antropólogo, gente, pensador
Senador, democrata, educador
Darcy Brasileiro, Darcy Ribeiro
Meu índio professor
...Sou bravo sou forte, sou filho do norte...
Meninos eu vi!!!
Esse índio do samba e de escolas
Esse índio que não vive de esmolas
Juro que vi!!!
No sambódromo, na quadra ou na passarela
Esse índio menestrel da favela
Da Universidade Federal Fluminense
Mostrando na prática como se vence
Meninos eu vi...
Muito mais do que o tabajara guerreiro
Eu vi panamericano por inteiro
Meninos: eu vi Darcy
O Darcy que escreveu “um livrinho”
Assim... Simples e pequenininho...
Que ele dizia ser sem muita importância
Mas que é a lente da maior instância
Que um dia eu já li
Tupi, Xavante, doutor
Pedagogo, pessoa, pensador
Sociólogo, socialista, educador
Darcy Ribeiro, Darcy Brasileiro
Meu filósofo professor
...Sou bravo sou forte, sou filho do norte...
Meninos eu vi!!!
Um amante das letras, acadêmico e poliglota
Um humilde que não era idiota
O tal do índio Darcy
Darcy de Câmara Cascudo, de Antonio Candido
De Sérgio Buarque, Alberto da Costa e Silva
Dos desenhos de Poty
Eu juro que vi!!!
Na escola sob a arquibancada
Na varanda c’a rede armada
De arcos e flechas
Caçador de brechas:
As saídas legais de Darcy
Darcy Brizola Pirama Goulart Buarque [...] Candido Boff Niemeyer Rocha Ribeiro
Que não é de Alcântara ou Orleans e Bragança
Mas que desde criança
É o príncipe brasileiro
Pensador desse povo gigante
Sincrético, miscigenado, crente e amante
Que nem sequer conhece a sua obra libertária
Quiçá conhecesse a literária
Nem tampouco a conhece por inteiro
...Pena que o povo brasileiro
Não viu o que eu vi, meus meninos:
Um índio branco dourado filho de tupã
O Darcy I-Juca Ribeiro.
...
...Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante...
E sambará sozinho um enredo de Cartola
Na apoteose pensada por ele, Niemeyer e Brizola...
E depois de vir impávido e gozar um sorriso plácido
Sumirá...
Sumirá...
Sumirá...
Meninos... eu vi!!!
(Rodrigo Augusto Prado – março/2009 - Incidental: I-Juca Pirama de Gonçalves Dias e Um Índio de Caetano Veloso)
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