quinta-feira, 5 de setembro de 2019

"Marley Vive"

"Marley Vive"
Nem grilhões e nem correntes
Nem a fome e o ranger de dentes
Nem tampouco os negros indigentes
Escravos eternos
Buscando a esperança
A paz, a redenção e uma breve lembrança...
Onde estaria o Menestrel?
O poeta libertador que mesmo não tendo vindo do céu
Deu à voz do 4o Mundo
Poder libertador
Falou de amor
Curou a dor...
Sangrou pelo suor
E, de cor
Profetizou junto a Jah, seu Messias Salvador
Independências africanas
Calou guerras insanas
Desmoronou as muralhas profanas
E deu ao seu povo, seus iguais
A chance de ser muito mais
Enfim,
Serem livres, mesmo que acorrentados em eternos navios negreiros
Pois para ser livre por inteiro
Toca-se primeiro na alma
Tudo sem um tiro, uma bomba, com calma
Paz revertendo a violência
Amor dando vulto à ciência
À fé, à religião
Esta é a voz negra do 4o Mundo
Que, definitivamente,
Trouxe a mais tênue libertação...
Marley vive!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Desafios"

"Desafios"
Estar perto da conquista
Destas, que estão à vista
E que se pode tocar
Causam um medo incrível
De ser um desafio impossível
Que, na verdade, eu não possa alcançar
Mas é com a fé e com a persistência
Que driblamos o místico e a ciência
Damos ordem à nossa própria obediência
E resolvemos arriscar
Este é o famoso movimento inverso
Tão brilhante quanto de Bandeira é o verso
É um movimento sutil, embora contumaz
Que ao ser realizado, com sucesso ou não, nos traz paz
Paz por ter a certeza de não ter desistido
De não ter se sentido, por si mesmo, oprimido
Paz por poder praticar
O poder humano da luta
Dá busca pela melhor conduta
E assim, confortavelmente, o resultado esperar!
Rodrigo Augusto Fiedler

"As saudades do que nunca fui"

"As saudades do que nunca fui"
Tenho saudades de amigos do passado
Muitos se foram para longe, outros, não são encontrados
Nem sei se vivem ainda
Ou se a vida deles tornou-se tão linda
Que eu, do meu cantinho tão simples
Sequer consigo enxergar
Tenho saudades dos amores do passado
Muitos se perderam na multidão e hoje, eu sou bem casado!
Tenho saudades de uma adolescência que me foi roubada
Tenho a impressão que minha vida desgovernada, furtou-me de muitas boas experiências
É verdade - adquiri grande vivência
Mesmo alienado da família e da convivência
Acabei, por um instante, sozinho e isolado
Tenho, inclusive, saudades do que nunca fui
Tenho a impressão que por quase mil anos não passei de um personagem
Que nas falas só dizia bobagens
E por isso fui, inclusive, penalizado
Mas hoje tenho orgulho daquilo que me tornei
Cem por cento diferente daquilo que sonhei
Meus sonhos púberes se tornaram fantasia
E eu, ao renascer, percebi que fazia
Uma grande diferença assumir outra realidade
Dar tônus vital à nova personalidade
E, com caráter reformado
Amadurecido, amando e sendo amado
Encontrei-me comigo mesmo e não fiquei decepcionado
Amo aquilo que sou e a saudades, insisto em senti-las
Não hei de deixá-las de lado!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Compromissos"

"Compromissos"
Só queria ter a certeza de que vão cumprir comigo
O que eu cumpri com eles
Pois o fato de eu não estar dormindo
Não é culpa só minha
Mas da falta de compromisso deles!
E assim, a ansiedade me corrói mais um pouquinho!
Me sinto desamparado e sozinho
Não tenho nem a quem pedir socorro
Mesmo que meu grito ecoasse do alto de um morro
Ainda assim não seria ouvido
Pois se fosse para ter sido cumprido
Teria sido feito hoje!
A vida não é feita nem de depois, muito menos de amanhã!
A vida mora no agora!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Muito mais será revelado"

"Muito Mais Será Revelado"
A poesia cura feridas
Bálsamo de palavras afinadas com a existência
E não existe ciência que comprove tal ato
Só sei, que de verdade, é fato
Não se trata de uma mera ilusão
Palavras em Cena são
o cotidiano...
A busca por saúde mental
e o fim da depressão
É claro como o sol da tardezinha
Que ainda brilha no verão
Muito mais se revela por meio de estrofes e versos
A busca de trazer à vida o que estava submerso
Renascença, advento e ressurreição
Palavras que saem do papel e atingem o coração
Devolvem vida ao que estava moribundo
É o melhor remédio do mundo
Para as angústias e aflição
É isso que o poema revela
Os sentires que são meus, teus e até dela
Dita dona da verdade
Mas só oferece maldade
E sem um movimento contrário
Não tem cura, não
Maldita depressão!
Basta um verso ou uma poesia
Para que na palma da mão
Fique guardada toda cura
Que a medicina chama de ilusão!
Rodrigo Augusto Fiedler

"A minha Lua"

"A minha Lua"
As tardes podem ser tão maravilhosas
Anunciam Lua Branca por entre árvores frondosas
Bate brisa fresca, bem suave...
De fato, as tardes são poderosas
Não ostentam culpas onerosas
Pelo contrário, é momento de libertação
De se viver o simples e dar asas à ilusão
Viver o sonho e a fantasia
Felicitar-se em meio à alegria
De ver um dia inteiro indo embora
Perceber que nem se sentiu o passar das horas...
A estrela D'alva já brilha no céu
Ainda que solitária
Anunciando noite embrionária
Na qual a Lua se posta rainha
E que pena que ela não é só minha...
Eu juro que queria a Lua só pra mim!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Na Verdade!"

"Na Verdade"
Eu, na verdade, sou, depois de velho, um menino triste
Foge-me o riso em momentos oportunos
Excede-me as lágrimas em noites de verão
Embaçada me ficam as retinas
E não consigo ver o pôr do Sol
Eu, na verdade, sou, depois de velho, um menino assustado
Foge-me a coragem em dias de luta
Excede-me tremores em manhãs absolutas
E não consigo ver o nascer do Sol
Eu, na verdade, sou, depois de velho, um menino solitário
Fogem-me as companhias em domingos de festa
Excede-me o isolamento em tardes de folga
E não consigo dar um brinde à vida
Eu, na verdade, não sou, depois de velho, quase nada
Fiquei vinte anos perdido na estrada
E tenho paúra de recomeçar pelas portas da frente
Não que eu não queira ou não tente
Simplesmente, te digo
Meu caro amigo
Que, ainda por hoje, não consigo
Prefiro resguardar-me no abrigo
Encontrar com o verdadeiro Rodrigo
Que ainda está escondido
Entre lágrimas e solidão!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Não consigo..."

"Não Consigo"
Não consigo encontrar nos livros as respostas para minhas perguntas
As letras, conjugadas entre si, formam palavras que não me dizem mais nada
O silêncio da literatura me deixa enlouquecido, com saudades dos meus tempos de sabedoria
Das tardes nas livrarias
E nas respostas oriundas de frases feitas
Que já me foram perfeitas
Para que eu pudesse me encontrar...
Não consigo encontrar na avalanche de sentimentos
As perguntas que pudessem contemplar meu momento
Não se formam palavras com o ato de pensar
Tudo que ocorre é uma grande catarse
Que, embora, me ascenda a um mundo mais verídico
Me impede de que, perante uma oferta enorme de decisões
Uma só eu possa tomar...
Não consigo encontrar nas cápsulas de Lítio o equilíbrio
Que me deixasse distante da depressão e absorto da ansiedade
Sei que vivo uma enorme variedade
De sentires que mudam o tempo todo, a toda hora
Que condena o meu "agora"
A um labirinto sem minotauros
E eu não minto nem nos momentos mais raros
Apenas não encontro mais nada
Sigo perdido, uma pessoa calada
Sem perguntas ou respostas
Sem coisas ocultas ou que estejam já mortas
...
Não sei onde estou!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Companhia"

"Companhia"
Ninguém se basta sozinho
Querer estar com o outro por perto
É muito mais do que a falta de um carinho
Pode até não parecer tão certo
Mas errado mesmo é viver isolado ou bem caladinho
Não trocar experiências
Não verificar o grau das sentenças
Da opinião alheia
Fazer com que tudo que corre nas veias
Exploda como um vulcão
Em diálogos repletos de sinceridade e emoção
Esta é a verdadeira explosão
Do eu que não está adoentado pelo ego ou pela personalidade
Um eu que se abre a outra verdade
E se torna completo
Muito mais compreensão e afeto
...
Nos faz crescer verdadeiramente
Nos faz sentirmos que somos gente
E que nosso EU vale muito mais...
Do que podemos avaliar sozinhos!
Rodrigo Augusto Fiedler

"vai e confie"

"Vai e confie"
Para sair da zona de conforto
Mostrar ao mundo que não mais se está morto
Enfrentar o corre corre do dia a dia
E ainda com maestria
Ter a certeza de que valeu e vale a pena!
É necessária a confiança
A resignação, a fé e a esperança
É preciso ir além do que fazer a nossa parte
É necessário se virar do avesso
Entender que é assim mesmo no recomeço
Não basta esperar!
É necessário fazer e confiar!
Ter dentro de si a certeza de que não vai ficar em vão
Até quem nunca nos viu, há de estender as mãos
Para que, acreditando e confiando
Levantemos do chão...
Rodrigo Augusto Fiedler

"Reflexos"

"Reflexos"
O espelho me oferece o reflexo
De uma imagem que não define meu sexo
Não me responde se sou menino ou menina
E é aí que prevalece minha sina
De descobrir quem eu sou
O espelho muito além do reflexo
Me oferece uma autoimagem abstida de nexo
É interessante perceber que não faz sentido
Tentar descobrir minha verdadeira libido
Olhando praquilo que sou
Na verdade o espelho não me oferece nada
Dele parte uma confusão desgraçada
A imagem por ele mostrada
Em nada se funde com aquilo que sinto
Muitas vezes, exatamente, por causa da imagem
Eu minto
Pra mim mesmo e pra quem esta ao meu entorno
Não que eu precise, urgentemente, de um retorno
Mas preciso descobrir quem eu sou!
Pois acredito que só serei verdadeiramente feliz
Quando, dono do "meu nariz"
Eu possa assumir minha identidade
Que em nada flerta com vaidade
Dane-se a minha homossexualidade
Eis aí uma marca que carrego comigo
E se ainda assim, quiseres ser meu amigo
Há de me aceitar do jeito que sou!
Não é uma questão de escolha
Nada mais é do que minha natureza!
Rodrigo Augusto Fiedler
Texto em homenagem e dedicado ao meu querido amigo Marquinhos Barbosa!

"Anjos de uma asa só"

"Anjos de uma asa só"
O anjo de uma asa só, sem poder voar
Veio até mim, com ares de piedade
Disse muitas coisas
Todas verdades
E me fez um simples convite
Que me levantasse do chão
E que, com o corpo em riste
Desse-lhe a mão!
Não entendi de imediato o recado
Fiz o que me foi mandado
E abandonei o chão tão cruel
Ele insistiu em suas palavras convidando-me a ir com ele ao céu
E ele ainda disse: és tu também alado
Não fique boquiaberto ou calado:
Some comigo e vamos voar!
Sua asa solteira complementa a minha
E, juntas, formam um proveitoso par
Podemos sair da inércia
Ir de São Paulo à Madri
Ou da África à Pérsia
E muitas vidas salvar!
Foi aí que olhei adiante
Entendi que o Inferno de Dante
É a Terra onde fazemos morar
Alcei voo ao lado do Anjo solitário
E mais determinado que um Cavaleiro Templário
Fui pelos céus a voar!
Encontrei coisas horrendas
Muitos carentes sem nenhum tipo de prenda
E resolvi com amor ajudar...
Entendi que só podia ser útil por uma única razão
Sozinho não sirvo pra quase nada, minhas lutas me levam ao chão
Preciso sempre de companhia
Para que arraigado à uma boa energia
Valore o poder de uma mão!
Sozinho não sou, já disse, quase nada
Mas de mãos agarradas e bem dadas
Me torno um aprendiz de campeão!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Deus e o Deserto"

"Deus e o Deserto"
Arrastando por entre areias escaldantes de um deserto que eu mesmo criei
Passei a ver miragens
Toda sorte de imagens
E mesmo assim, não via Deus
Via tuaregues e beduínos distantes
Exércitos de areia e vento
Tempestades de gafanhotos a todo tempo
Via até palmeiras de um oasis que não existia
E mesmo falsas, essas imagens traziam alegria
E mesmo assim, não via Deus
Meus pés sangravam, cozidos pelo calor
Estava adormecido, não sentia mais dor
Areia e sol por toda parte, não havia uma só flor
E mesmo assim, não via Deus
Acordei num casebre distante
Havia o que beber, curativos e a febre incessante
Baixava com gases embebidas num pouco d'água
Não tinha razão mais para sentir qualquer tipo de mágoa
E mesmo assim, não via Deus
E mesmo que não visse
Sequer soubesse que o divino existisse
Uma coisa era real e ia além do fato
Havia ali, comida em meu prato
Não tinha sucumbido ao deserto
Porque algo que me estava ao lado ou bem perto
Olhou o tempo todo pra mim!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Reencontro"

"Reencontro"
Eu voltei
Percebi que a impressão de estar perdido era uma mentira
Nosso troféu ninguém tira
Se somos escolhidos
Tempos dolorosos se vão e assim que idos
Permitem que olhemos ao nosso redor
Que façamos nosso melhor
E que recebamos o que é nosso por direito
A luz da vitória explode no peito
e nos resta apenas uma coisa...
Agradecer!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Cazuza, nem tão down assim"

"Cazuza, nem tão down assim"
Eu tinha 14 e já queria ser ele...
As bandanas, alfinetes e o All Star amarelo
Faziam, da corrente, o elo
Entre mim e a minha vontade de amar
De gritar
Sem limites
Uma parede infestada de grafites
Arte de rua
Poesia nua, Cazuza!
E aos vinte eu já era um pouco Caju
Peregrinei meus versos desconvexos do norte ao sul
Fui extremamente exagerado
Me tornei viciado
Amei demais e fui amado...
Tudo isso por uma fruta mordida:
Persegui sim o tal do sabor
Senti muita dor, história alegre
Tornou-se sofrida...
Mas, enfim, vivo hoje como as borboletas de Cazuza...
Que, impreterivelmente, mesmo em meio a tanta gente,
Vivem só 24 horas!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Linger" (dedicado à Dolores, vocalista finada da banda Cramberries)

"Linger"
Dolores, que falta você faz...
Por que se foste tão cedo
Desistiu da gente?
Fale a verdade, quem mente,
Não tem confiança
Te sigo desde criança
E aprendi a tocar "Linger" no exílio
Em meio a tratamentos e martírios
Me encontrei com Zombie, Just my Imagination e toda discografia
Música do bem que traz alegria
Não combina com a falta de sorte
Que te levou pra morte
Mas para mim você, tão doce e terna
É eterna, perene, imortal
Transcende o juízo de valores
O bem
O mal
...
Dolores, talvez você tenha partido
Mas eu já havia me comprometido
A ser um fragmento de você no ré maior
Da música que considero a melhor
Um presente dos Cramberries caríssimos e queridos
Insisto: não quis jamais que tivesse ido
Mas a herança da sua obra
Não tem a malícia de uma cobra
É simples
É Linger, e nada mais!
Rodrigo Augusto Fiedler

"O Tempo"

"O Tempo"
Não sei se sou, depois de velho, uma sépia apagada de um menino triste...
Não sei se, depois de velho, a felicidade existe
Sei que existem, em fotos coloridas, 
Registros de muitos momentos
E, não só velho, mas experiente,
Não dou espaço a ressentimentos
Não tenho o hábito mórbido de olhar para trás
Olho, sim, no meu presente retrovisor
Que me motiva a dar valor
Às peripécias do Tempo
...
Pode ser que ajoelhado num templo
Eu insista em pedir perdão
Mas ao sentir que muitos me estendem as mãos
Percebo que a fé no agora
Não difere quem ora
Talvez em pé, quem sabe a toda hora
São obras do acaso?
Nossa! Se eu pensasse assim seria tão raso, que seria tão tolo
Quanto um aniversário sem bolo
E sem velhinhas para apagar...
...
Aniversários que celebram o tempo e suas peculiaridades
A festa do caminhar pela existência abandonando vaidades
O tempo impiedoso que só mostra verdades!
Mas em qual abordagem devo crer?
Penso que naquela que me faz compreender
Que para ser
Humano, cicrano ou beltrano
Preciso, sem olhar para trás
Adquirir caráter e personalidade
Viver do tempo uma fração diminuta
Com coragem, aceitação e luta
O singelo período chamado dia
Que independente daquilo que se projetava ou queria
Dura apenas 24 horas!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Metade" (versos incidentais de Oswaldo Montenegro)

"Metade"
Metade de mim é presente
Metade de mim é saudade
Houveram muitas mentiras
Mas se sobressaíram as verdades
Metade de mim é um ser puro
Metade de mim é o futuro
É verdade, ainda há medo
Mas eu insisto, não cedo
Metade de mim é e está preso às dúvidas
Metade de mim é plena certeza
Sei reconhecer falácias estúpidas
Sei quando a vida mostra clareza
Metade de mim é história
Metade de mim é Vitória
E olha que andei pelo vale das sombras
Pisei campos minados, cheios de bombas
Metade de mim, por pouco, não se deu por vencida
Metade de mim deve, sim, ser esquecida
Pois o que me faz hoje não ser mais apenas frações do inteiro
Caminha no relógio com a escalada dos ponteiros...
Sou pleno!
Tentando ser sereno!
Objetivos tangíveis e amenos
Afinal para ser mais tem de ser menos...
E bem pequeno
É que me entendo um ser inteiro!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Escuro"

"Escuro"
Não há luz nem sombras tampouco
Não há feixes ou brilhos
Loucos andando nos trilhos
Rumam perdidos
Abstraídos
Nada, nada divertidos
...uma carta de um Tarô egípcio!
Indica a eternidade do suplício
De quem, em meio ao escuro
Tenta perseguir o futuro
Bate de frente com misterioso muro
O atalho não era ali!
Talvez estivesse dentro de si
Mas sem a luz que deveria brotar da alma
Não se enxerga nem da mão a palma
E não se pode arriscar a sorte
Um passo em falso e as trevas lhe tragam pra morte
De fato:
O atalho não era ali!
Não se anda sozinho no escuro!
Rodrigo Augusto Fiedler

"O Sol"

"O Sol"
Existem dias de acordar cedo, abrir as janelas e dar um "oi" animado ao sol...
Em outros, o sol não aparece para nosso encontro
Noutros, quem falha, sou eu...
Enfim, não existe fórmulas prontas e talvez não exista um compromisso
Mas não fico preocupado com isso
Porque a mim, cabe só a minha parte
Fazer do dia uma obra de arte
Obra única nas grandes galerias
Na qual pinto a óleo a cara do meu dia
E se o sol não aparecer
Nada tenho a temer
Pois no quadro em que transformo minha vida
Não existe manhã sofrida
E mesmo em dias de chuva
Eu consigo ver o sol...
Rodrigo Augusto Fiedler

"Quem eu invento?"

"Quem eu invento?"
E se eu me confundisse
E, de repente, misturasse
Mesmo que embora decente
Ainda assim me apaixonasse
Pela menina sem nome que tanto lê as minhas poesias
Personagem surreal que sempre me faz companhia
Alguém que muitas vezes invento
Para percorrer o tempo e o vento
Que de mãos dadas vai comigo ao infinito
Nada, acredito
Poderia ser mais singelo ou bonito
Mas, o fato é que não habita a vida real
Este ser sublime distante do mal
Que com tão pouco me propõe sedução
Um prazer sem medidas, ah, não existe não
É distante das pessoas reais
Que têm problemas, às vezes até mais
Do que aqueles que acredito que possuo calado
Não reclamo mais deles, pois já estou enjoado
Magoado
Castrado
Um passo tênue para tornar-me alienado
Anjo caído e numa esquina drogado
Com o nectar fugido da sedução vazia
Da solidão - verdadeira - e tão fria
Abstinência do ópio da alegria...
Não sei se na verdade, as pessoas
Que invento pra amar, inexistentes, são boas
Ideias para complementar a solitude
De um alguém que escolhe a mais inatingível altitude
Para poder, mesmo sem asas voar!
Rodrigo Augusto Fiedler