segunda-feira, 29 de abril de 2019

"A Morte da Filosofia"

"A morte da Filosofia"
Projeta-se a morte da Filosofia
Talvez para alguns não sirva para nada
Mas não passa de uma truculenta moção para manter calada
A parcela pensante da população
Que de cabeça erguida prefere ainda dizer não
Do que - simplesmente - tudo aceitar
...
Projeta-se a morte do pensamento dialético
Propõe-se um ato de terror contra o saber sem o menor princípio ético
Nem tampouco estético
Porque o saber é lindo
E não se pode sucumbir a uma lei tão atrasada
Que como já disse, só serve para manter calada
As pessoas que fariam muitas perguntas
Todas elas oriundas
Do ato de pensar!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Retrato"

"Retrato"
Traços desenhados de seu rosto
Imagens concretas que beiram a abstração
Não sei se te vejo com os olhos do corpo, da alma, ou do coração
Uso cores vibrantes para retratar sua imagem
Não sei se nisso há alguma vantagem
Talvez ninguém entenda como um retrato
Linhas que delineiam o fato
De uma imagem que pra mim tem mil formas
E nenhuma fôrma
Mas é esse o núcleo da paisagem
Que minhas tintas coloridas se espalham na tela
E talvez sob minha ótica fique mais bela
Mais viril e colorida
Do que aquela menina sofrida
Que escolhi não pintar
...
Teu retrato pintado por mim
É apenas o que vejo de sua aura, do seu espírito
É o santificado paráclito
É sereno e tácito
É puro
E não tem começo nem fim...
É você
Como te vejo, em meus olhares de paixão!

Rodrigo Augusto Fiedler

domingo, 28 de abril de 2019

"Roseli" - Acróstico

Rosa flor
Ouro raro
Sol da manhã
Esperança que não tarda
Luz que...
Irradia minha vida

"Sedução"

"Sedução"
Olhares trocados
Sorrisos pares
Taças que se tocam
Cabelos esvoaçados
Corpos aquecidos que se tocam numa dança
Gestos dignos de uma criança
Mãos que escorregam pelos dorsos
Palavras desconexas ditas entre o ouvido e o pescoço
Pernas que se entrelaçam
Passos que se descompassam
Martini Dry
E é assim que se joga
Um vem e vai
De forma quase insana
Que vai à descompromissada cama
E muitas vezes acorda-se sozinha - ou sozinho
Pela manhã...

Rodrigo Augusto Fiedler

sábado, 27 de abril de 2019

"Gláucia"

"Gláucia"
Tenho saudade de você
Daquilo que nunca vivemos
Não tínhamos idade
Nem sabedoria
Nossos futuros, naquela época, não fomos nós que escolhemos
Veio a distância física
Serrana era longe, mas havia as cartinhas
Palavras carinhosas, bonitinhas
Depois veio o tempo
A falta de um momento
Que saudades - um tormento
E não sei por onde andas
O que fazes
Nem tu sabes de mim
Não soube que eu beirei o fim
E renasci
...
Mas hoje eu preservo a história
Guardo seus olhos bem verdes no melhor de minha memória
E as competições de Redação
Que tantas vezes foram escritas a quatro mãos
Fizeram de mim um aspirante a escritor
Que transformo em versos, ora a alegria, ora a dor
...
Só queria poder te ver
E te contar sem o apelo da poesia
O quanto eu sentia
Mas não tinha como perceber
...
Quem sabe um dia eu te encontro
Ou você me acha por aí
Estamos perdidos e distantes no universo do desencontro
Não é tão fácil como ir até ali
E poder te dar o abraço
que há 30 anos não dei!

Psicoversos - Livro - Segunda Edição (revisada e reeditorada)

https://www.clubedeautores.com.br/livro/psicoversos-palavras-em-cena-2

Pessoal,

No link acima vocês conseguem acessar meu livro!

Bora?

Muito obrigado!




"Atalhos"

"Atalhos"
Todo caminho tem esquinas
Becos, vielas ou atalhos...
É a possibilidade de facilitar as coisas e encurtar jornadas
Desvia-se então do que fora um dia, um momento: o destino
Dá-se a chance da vulnerabilidade de um menino
E as luzes estavam apagadas
A lâmpada guia ficara para trás
Surpresas podem ser boas
Porém podem ser más
Podem até te levar pra frente
Medo arrebatador de olhar para traz
Assim são as escolhas feitas por impulso
Que nos desviam do curso
Que tínhamos a trilhar...
Não se toma atalhos
Não se faz escolhas tolas
Ruma-se no caminho da quase certeza que já é incerto
E mesmo que não seja mais perto
Há uma luz que funciona de guia
Acesa de noite e de dia
Que não te abandona jamais

Rodrigo Augusto Fiedler

"o Mágico de Oz"

"O Mágico de Oz"
Se pulo pelo gramado como o louco espantalho sem cérebro
Ou se choro minhas articulações enferrujadas pelo tempo e sofro por não ter um coração de verdade
Se sou um leão medroso em busca da coragem
...
E encontro "Dorothy" no meu caminho
Buscando a Terra de Oz
Eu iria com ela...
E mesmo que não exista essa tal Terra
Com este mágico-deus tão poderoso
Eu já não seria tão idiota, enferrujado ou medroso
Porque acreditei em algo
Tracei um rumo
E fui em busca de um encontro Transcendental de meu "eu" comigo mesmo
...
Não importa se o milagre virá
Importa pôr ação
Sair do conformismo
E trilhar na contramão das verdades antes absolutas
Um grande espectro de busca e luta
E sair do lugar comum

Rodrigo Augusto Fiedler

"Complete-se"

Estamos no mundo para mudar, a mudança e o desenvolvimento são o progresso da raça humana. Porém não devemos NUNCA ser aquilo que os outros acham que devemos ser. Isso roubaria a nossa personalidade. As mudanças corretas nascem e se desenvolvem de dentro para fora, num processo contínuo de desenvolvimento.

Temos que ter e acreditar na nossa personalidade, mesmo que ela incomode muita gente. Tem gente que brilha mais, outros brilham menos, uns nasceram para os palcos, outros para as plateias e TODOS têm a mesma importância, pois não há espetáculo sem palco e plateia juntos. 

Não há noite sem estrelas (que brilham menos) ou dias sem sol (que brilha mais).
O problema é quando a Autoaceitação do indivíduo faz com que ele inveje o lugar do outro.
Ocupe seu lugar, lide com suas limitações naturais, supere as possíveis e seja feliz - você com você mesmo. Pare de olhar o próximo com julgamentos. Apenas respeite a diversidade. Pessoas diferentes podem ser muito amigas e mais que isso: podem se completar!

Complete-se!

Bom fim de semana!

"Arrependimento"

"Arrependimento"
O pior de todos os arrependimentos é ter a certeza que poderíamos ter feito algo
E não fizemos!
A inércia...
A preguiça..
A procrastinação...
Simplesmente, num ato de abandono
Dizer não!
Se arrepender pelos erros da vida, ao contrário, já é um ato nobre
É algo feito e praticado
Que por mais que nós permita sermos julgados
E ainda que sejamos culpados
Implica em perdão!
Dos outros para consigo
E de mim para o outro também...
Este é o perdão
Que tem a chave do grilhão
Que abre as portas da prisão
E por mais preso que eu esteja - fadado às masmorras
Antes mesmo que morra
Me dá o viés da libertação!

Rodrigo Augusto Fiedler

quarta-feira, 24 de abril de 2019

"Uma "ode" à Amizade"

"Uma "ode" à Amizade"
Será mesmo que existe amizade?
São as pessoas capazes de ceder seus egos - hora doentes - em nome de outrem?
Como é essa sensação de receber um bom dia, um abraço? Ser acolhido...
Ter as lágrimas enchugadas no pano de camisa, ter uma mão que te pressiona o braço...
Ter um simples ouvido
...
Será mesmo que existe um amor tão puro?
Que sobrevive na luz, que se fortifica no escuro
Que, pelo contrário, sempre acende lâmpadas mágicas...
Que está presente na alegria e se faz um pilar nas horas mais trágicas?
...
Eu acredito na existência do Amigo
Em alguém que mesmo à distância está sempre comigo
Que diz - sem demérito - não! Rodrigo...
...
Que também sabe dizer um sonoro sim
Está junto até mesmo depois do fim
Que, para quem, aliás, nada se acaba
Apenas muda um pouquinho, dá uma lapidada
...
Eu acredito na "Philia"
Nos maiores devaneios da Filosofia
Acredito que até o dia em que irei ao pó
Jamais me sentirei só
Porque além de Deus, de mim mesmo
Jamais vagarei ao esmo
Porque tenho o que se chama amigo
Mais de um, mesmo poucos - um abrigo
Um porto seguro
Que no mais profundo escuro
Me guia em conjunto com seu próprio ser
E antes que eu busque meu próprio isolamento
Sinto que no exato momento
Serei içado do meu fatídico buraco profundo
E voltarei a sorrir e percorrer o mundo
Simplesmente
Porque - tenho certeza - neste caminho
Não estou, de jeito nenhum sozinho
Eu tenho o que se pode chamar
Nomear e amar
Eu tenho um amigo!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Avenida"

Avenida
Queria tirar minhas sandálias de prata
Para sangrar meu pé na avenida
Perseguir a evolução, a harmonia
Carregar nos ombros, a fantasia
Chacoalhar com a bateria
E descompassar meu sofrido coração
No baticundum da percussão
Sou de alma sambista
Pernas passistas
E bumbum arredondado
Ginga, suíngue, samba e rebolado
Cabeça de santo raspado
Eu sou o Brasil, mas sou a África também!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Demagogia"

Demagogia
Promessas vazias de um futuro melhor
Frases de efeito que sabemos de cor
Mas que ainda constrói massa de manobra
Angaria uma legião de simpatizantes que põe a mão na obra
E sequer cumpre compromissos!
Não, mas ninguém se preocupa com isso
O importante é vê-lo lépido no poder
E no peito inflado bater
Dizendo: fui eu quem colocou-lo lá
Numa esfera que não é daqui
Que não atende o povo de cá
Que sequer faz pensar em si
Nas mentiras tão fáceis de contar...
Êh, oh, oh, vida de gado
Povo marcado, Eh!
Povo feliz!

Rodrigo Augusto Fiedler
(Versos incidentais de Admirável Gado Novo - Zé Ramalho)

terça-feira, 23 de abril de 2019

"Quintana"

"Quintana"
Acreditar no que falam os versos de Quintana
Abrem minha mente, outrora insana
Levam à profunda reflexão
Ao maniqueísmo do sim e do não
No não julgamento - sem togas nem juízes
Noites escuras sem meretrizes
Faz-se luz à leitura dos textos diretos
Encaminha o que é torto a um caminho reto
E no fim se farta de paz!
Rodrigo Augusto Fiedler

"O Tempo"

O Tempo

Os alabastros que sustentam meus amores estão corroídos pelo tempo
Os pilares que carregam minhas vergonhas cedem ao mesmo tempo voraz
Minhas verdades não são mais poesias
E minhas mentiras não cabem em minha fala
Me perco com o passar dos anos e vejo a infância distante
As paixões estão em branco e preto
Nostalgia de algo que nem sei se vivi
Descompassado tempo - já disse - voraz
Que corrompe o velho álbum de retratos de sépia que guardo no inconsciente
Sobrou apenas o presente
E eu não sei viver nele!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Sentimentos em branco"

Sentimentos em branco
A tinta do velho tinteiro secou
E não me permite escrever meus sentimentos
Que ora são versos, ora são nada
Olho pro papel em branco sem tinta
Marcas rasgadas
Verdades largadas
Ao esmo da poesia que não sai da memória
Não se pode construir uma história
Nem uma estrofe sequer
Mas minha alma respira o poema
Construído de cena em cena
Mas que precisa ir pro papel
Pra se tornar imortal
Pois eu,
Voltarei ao pó
Rodrigo Augusto Fiedler

"Jardim"

Jardim
Estou cansado de palavras sem nexo
De conversas vazias
De pessoas rasas
De risadas sem graça
Eu cansado da falta de carinho e o excesso de sexo
De encontros casuais
De noites artificiais
De orgasmos sem amor
Estou cansado de omitir minhas verdades
Ou de transformá-las em versos sem sentido
De poesias cheias de conteúdo Cult
Que masturbam palavras desconexas
Eu pensei que eu era poesia
Mas os versos me mostraram que sou pouco menos que prosa
Ainda bem que sempre carrego uma rosa
E tento regar um jardim

Rodrigo Augusto Fiedler

"Saudade"

Saudade!
Eu ensino Letras
Mas queria ensinar versos
mas não vejo a porta da poesia
Eu ensino verdades que não são absolutas
mas queria viver meus próprios versos
será que neles há verdades?
Eu penso que ensino, mas não ensino nada
sou um eterno aprendiz, muitas vezes sem versos
minha poesia é tão pequena
que se resume numa só palavra:
Saudade!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Sabiá"

Sabiá
Por que cantas tão cedo?
O que esperas?
Por quem esperas?
Chamas teu amor num assovio sem fim
Que chega até mim
E me faz sorrir!
Acordo todos os dias contigo
Já posso te chamar de amigo
E quando tu não vens
Não é o mesmo bem acordar sozinho...
Saia, saia do ninho
E venha aqui, pertinho de minha janela
Cantar sua música bela
E me fazer sorrir!

Rodrigo Augusto Fiedler

"George Harrison"

George Harrison
Tímido, calado
Introspectivo, fechado
Virtuoso e espiritualizado
Vegano e naturalista
Está entre os melhores guitarristas
Da história do Rock...
Cantou seus amores
A dor de uma perda
Mas não se deixou abalar
Nem a amizade com o Eric pode acabar
Superou...
ALL things must Pass
É o melhor disco de uma carreira
Mostrou ao John e ao Paul
Que sem ele tudo era besteira
George era grande...
Gigante, o calado sem tamanho das seis cordas mágicas...

Rodrigo Augusto Fiedler

segunda-feira, 22 de abril de 2019

"Ganância"

Ganância
Eu quero um carro importado
Um iate na Marina ancorado
Um apartamento avarandado
Ser intelectual e bem formado
Quero o gozo da vida burguesa
Não me preocupo com a tristeza
De quem não tem nem onde morar
Eu quero!
Meritocrata que sou
Sei que cheguei onde estou
Porque tive e não desperdicei oportunidade
Mas tudo isso é uma meia verdade
Oportunidade que veio de onde?
Da infância de videogame - de abastada criança
E quem já nasce sem esperança?
Vai construir que tipo de bonança?
Não constrói
Morre à míngua
Com a queimada língua
Dos cachimbos que roubam a chance
De se ter alguma coisa...
E o outro diz: questão de escolha
Entre o saco de cola na rua e o autorama numa bolha
Não há como medir
Ou aceitamos
Ou partimos para a mudança
Damos nós a oportunidade
Para um mundo melhor
Porque não há meritocracia
A tendência é ficar pior...
Ruas lotadas de indigentes
Que nunca se tornaram gente
Pela falta de oportunidade
...
Pra mim chega de falsidade!
Chega!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Nem tudo é colorido o tempo todo"

"Nem tudo é colorido o tempo todo"
As canções de David Bowie
As madrugadas ouvindo o hit da Siouxsie
Papos abertos
Rumos incertos
Corações confusos
Sentimentos obtusos
Que demoraram anos para aflorar
E foi num filme do Tim que rolou um singelo beijo
As bocas se encontraram
As almas já estavam
Juntas
Iniciou-se um novo ciclo
Um namoro breve virou casamento
Sem vestido, bolo ou ornamentos
Um casamento de verdade
Tratamento da Ansiedade
Momentos difíceis
Muita depressão
Recaídas, resgates e a mão
Sempre estendida
Fez da história que era pra ser um conto de fadas
uma história sofrida
Mas alguns valores vieram à tona
A busca pelo sucesso - a faculdade!
Muito companheirismo
Lealdade
Fidelidade
Um lar onde só se fala a verdade
E esse é o verdadeiro casamento repleto de amor
Que poderia ser branco e preto
Mas tem, mesmo que tímida, sua cor
Colorido porque nós nos amamos
Não nos enganamos
E, mesmo em meio à pior crise que já passamos
Ainda comemos esfilhas juntos, trocamos sorrisos e,
Nos completamos!
Eu te amo!
E acredito muito no seu amor!
Virá, impávida, a cor
Que ainda nos falta...
Virá!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Alvorada"

Alvorada
Maritacas, pardais, bem-te-vis fazem as honras da casa
Donde virá brilhar o Sabiá
Em outros anais o anúncio é dado por trombetas sem acordes
E se acorda na marra...
Noutros pontos cardeais
É o Sol no horizonte que dá seu anúncio
E a noite vai-se embora deixando um prenúncio
De luz e novas esperanças
Inicia-se um ciclo de andanças
Para apenas vencer o dia
Anunciado - hoje em dia - muito mais pelas trombetas sem compassos
Do que pelo cantar dos pássaros

O dia tende a se tornar um peso!

Rodrigo Augusto Fiedler

"O Passageiro"

O Passageiro
Quase sempre tem um destino
Muitas vezes traçado quando ainda menino
E ele se coloca em pé - na plataforma - esperando tal trem
Que sempre depende de outrem
Nunca vem...
A espera é perene!

Rodrigo Augusto Fiedker

domingo, 21 de abril de 2019

"Aquarelas"

Aquarelas
Cores diluídas em água molham a tela outrora branca
Pode ser sobre um papel
Pinta-se um pedacinho do céu
As nuvens nunca carregam chuva
As telas molhadas adquirem um colorido
Ainda que opaco
Diferente do vácuo
Do vazio que antes se apresentava
E tem quem não consegue ver as cores
Opta por enxergar somente as dores
E a tela, por mais colorida que esteja,
Não passa de um borrão preto e branco...
Rodrigo Augusto Fiedler

sábado, 20 de abril de 2019

O Blog já virou um livro!

Mas olha só que legal!
Meu livro deixou de ser um sonho para se tornar uma acessível realidade. Foi, finalmente, editado, editorado e publicado...
O Projeto Leitura Solidária, através do envio da cópia digitalizada em PDF do livro continua. O objetivo deste projeto é fazer com que as pessoas que gostam de leitura tenham acesso ao meu material - que é de qualidade. Só peço para que após a leitura, façam o mesmo! ou seja, redistribuam para amigos e colegas...
Desta forma, além de alimentar e fomentar a cultura e o hábito de ler, estarão ajudando a divulgar minha obra e meu nome como autor.
Mas se você prefere comprar a versão física, está disponível no link anexo:


Crônicas sobre o Rock - Capítulo 2

Há quase 40 anos, eu deveria ter uns 8 ou 9 anos, minha mãe, muitas vezes quando ia pra Penha, me deixava com a Dona Regina e seu filho Adilson, na Rua Doutor Luís Carlos, bem de frente ao CEVA, Colégio Estadual da Vila Aricanduva, numa pequena lojinha de Armarinhos e Aviamentos.

Este filho de Dona Regina era um pouco mais velho que eu e já era totalmente maluco (seu apelido, com o tempo, tornou-se Didão), isso fora em 1982, quando o Kiss explodiu por aqui. Enfim...

Este rapaz me apresentou, mesmo sendo eu uma criança a sua breve coleção de discos do Kiss, por quem ele - até hoje - é fanático. Veio numa só toada o Hotter Than Hell, o Destroyer, o Dressed to Kill, o Creatures of The Night e o Alive 1. Todos maravilhosos, mas meus ouvidos infantis ainda não tinham condições de avaliar, quiçá curtir aquilo tudo. Como o Adilson sempre se mostrou solícito, amigo, companheiro e devotado, dei uma chance a ele e ao Kiss. Valeu a pena. Fui introduzido no mundo do Rock aos 8 anos e ainda ganhei um presente: este rapaz me ensinou a tocar violão. Hoje, por diversas situações que, nem sequer, vem ao caso, mantemos uma amizade cordial, muito mais ligada às Redes Sociais do que aos abraços de fato. Uma pena, mas a vida quis assim.
Adilson Eiras, onde você estiver, receba meu beijo e meu abraço incondicionais, repletos de Amor, Afeto, Acolhimento e Gratidão.

PS.: Até o PsicoCircus, tenho todos trabalhos do Kiss, com máscara ou sem. Foi uma banda que veio para ficar!

Crônicas sobre o Rock - Capítulo 1

Nos idos de 1986, eu com 12 anos, já frequentava o Centro Velho de SP e ora já ia na Galeria do Rock. Eu tinha 3 discos: o Abbey Road, dos Beatles, que ganhei da minha avó no extinto Eldorado, o The Wall e o Led 4 que tinha comprado seminovos na Rock'n Rollos (também extinta) da Galeria do Rock.

Pois naquele dia fomos conhecer a tal da Baratos Afins e ficamos encantados. Eu e meu primo Fábio Cunha. Eram tantos discos, importados e raridades que ficamos perdidos. O "Falasca", dono da loja e Produtor Musical nos viu ali, ainda crianças e veio nos atender com cara de poucos amigos...

Já foi logo perguntando:

O que vocês, tão jovens, fazem aqui?

Viemos comprar, cada um, dois discos de rock seminovos! Respondemos em coro.
Daí desenrolou um diálogo bacana (que dura até hoje) e o Falasca indicou uns 10 ou 15 discos pra gente escolher.

Quando vi a capa do Dark Side não tive dúvidas e já pus debaixo do braço. Meu primo disse que era Rock Progressivo e que aquilo ia me cansar. Nem dei ouvidos. Falasca disse que era uma grande escolha e que o Dark Side era um dos três melhores discos de Rock de todos os tempos. Como era novo e remasterizado, deu pra comprar um só. O Fábio levou dois: um Live in London do Deep Purple e um disco do Whitesnake chamado Ready in Willing, bons discos...

Antes de sair da loja, o Falasca me chamou de canto (1986) e disse: Garotão! Este disco não é pra ouvir fracionado. Precisa ouvir inteiro, ouça o lado A e imediatamente ponha o B, daí você vai conseguir entender a mensagem e o conceito que o disco passa. Tudo certo?
E assim eu fiz no meu antigo 3 x 1 da CCE. Ouvi o lado A, virei pro B e nunca mais parei de ouvir.
Hoje trago este disco na minha pele. Faz parte de mim e eu, pedante, acho que faço parte do disco.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

"Apadrinhamento"

"Apadrinhamento"
Andar sozinho na busca de uma vida melhor é algo muito difícil
Diria, que sozinho não consigo e, mesmo com Deus é quase impossível
Somos guerreiros de uma batalha diária e contínua
Precisamos de companhia contígua
E é dessa fragilidade que nascem Padrinhos
Menestréis em jamais nos deixar sozinhos
Não são mestres em opinião
Seguem sempre a Programação
E oferecem - de graça, pela graça - a experiência
O pacote vivido na vida, chamado vivência
Têm vida Própria e Particular
E, muitas vezes, nosso papel insólito e quase ingênuo é incomodar
Ligando em horas impróprias
Fazendo perguntas sem o mínimo nexo
Pedindo orientações até sobre sexo...
...
Como confiamos neles!
Eu tive três amigos que se tornaram Padrinhos
O Guedes, o Maurício e o Ricardo
Para cada um eu atribuí um fardo
Mas sempre fui bem acolhido
Direcionado, bem instruído
O Guedes me ensinou a ver e entender Doze Passos
O Maurício me ensinou a ser RADICAL
O Ricardo, de novo comigo, trabalha a ansiedade
Mas todos três só falaram verdades
E eu sou grato a cada um...
...
Não estou recomeçando do Zero
Pois cada qual deixou seu legado
Estou sendo novamente redirecionado
Pelo meu melhor amigo e companheiro
Meu amigo Ricardo
...
Fizemos um plano de Metas
Que, só por hoje, são minhas setas
Em busca do centro do alvo
Onde concentro minha mira
Onde a vaidade expira
E o ego perde seu brilho mentiroso...
Obrigado Padrinhos!
Sem vocês não tinha chegado até aqui
Servidor de Estrutura
Mentalidade pura
E coragem de vencer!
Rodrigo Augusto Fiedler
Homenagem a Rodrigo Guedes, Maurício Félix Santos e Ricardo Toledo

"Pai"

"Pai"
É muito fácil, em tempos modernos, falar do ausente
Daquele que não comparece
Simplesmente se esquece
Que tem um rebento
Difícil, talvez desafio
É falar daquele, que dia após dia
Coloca toda sua energia
Orgulho caráter e brio
Não tropeça nos fios
E traz muito mais do que o pão
Para dentro de casa
Difícil, nos tempos de hoje
É falar de presença
Daquele que sugere uma crença
E reza o Padre Nosso antes de irmos deitar
E que mesmo antes de levantar
Já está com a "lida" eleita
Barba feita
Pronto pra ir trabalhar
Não só para trazer o sustento
O pão, a carne, o alimento
Mas aquele que traz o modelo
Do que é ser um homem de zelo
Pelas dificuldades que o tomam hora após hora
Às vezes o afago não tem como ser agora
Mas chega implícito no ato de prover com suor
Digo mais sobre o que é ser um bom pai
Tudo que menos carece é um laço cossanguíneo
É estar junto, mesmo à distância, perto ou longínquo
Acolhendo em braços que nem sempre partem do tórax
...
Posso dizer que hoje sou um bom pai
Tenho limites que não me permitem mais
Mas recebo, ofereço, troco - afeto e acolhimento
Estou pronto a todo momentos
Não só para secar lágrimas adolescentes
Mas para rir o riso dos amantes presentes
Estar lado a lado em curvas decadentes
Prontificado a aplaudir a história
Apagar o que de ruim ficou na memória
E uma vida plena construir...
...Justo eu que talvez não tenha tido um pai
Balela, fantasia - mentira - tive muito mais
Tive avô, tive padrinho e tive um bom sogro
Seu Carlos, Tio Augusto e até o Armando
Pessoas que fizeram de mim o que sou hoje
E que é motivo de muito orgulho
Muita algazarra, festa e barulho
Eu preciso sempre agradecer e comemorar,
Hoje sou pai, sou filho e não tenho de que reclamar
Sou um homem, que às duras penas construiu um caráter reto
E tudo isso veio do afeto
De quem me deixou tropeçar
...
E depois, com ares de sabedoria, passou muito ungüento sagrado e me fez despertar!
Rodrigo Augusto Fiedler
Para Professor Augusto Fiedler, Pastor Armando Maldonado e "in memorian" meu doce avô, Carlos Bastos do Prado!

"Mãe"

"Mãe"
Substantivo concreto que se permite ser abstrato
Forma o caráter reto, se preocupa com o trato
Com o prato
Com machucados nos joelhos
Muitas vezes abdica dos espelhos
Para a casa cuidar
Mãe,
Que leva de mãos dadas para a escola
Proíbe o jogo de bola
Tem medo de tudo
E quando chego em casa mudo
Me invade com perguntas de todo tipo
Gerou por nove meses em seu ventre
O que hoje já é adulta gente
Mas que permanece inerente
A uma visão da idade pueril
É fato que para as mães nunca nos tornamos adultos
É como se passássemos a vida pulando muros
Correndo atrás de piões sem fieira
Mesmo a ida para o trabalho tem cara de brincadeira
A diferença é a marmita
Que a lancheira imita...
Querida mamãe, companheira de todos os domingos
Te agradeço por me ver "teu bebê", "tenra criança"
Sem passado, sem presente: eterna lembrança
Somos para elas - as mães - uma fagulha de esperança
Para acolhê-las ao envelhecer...
...
Embora as mães nunca envelhecem
São sempre jovens e lindas
A minha se chama Marlinda
E mesmo apoiadinha na bengala
Faz suas voltas e revoltas em escala
Sobe e desce nossas escadas
E perambula por um mundo colorido
Que em nada se parece com tempos idos
Mas que nunca, nunca mesmo,
Muda nada!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Pétalas e Espinhos" - Contribuição da Poetisa Francesca Prado

Pétalas e Espinhos
(Por,"simplesmente", Francesca - ou Fran)
Mãe,
Você é arte
Você é poesia
Uma flor exótica, bonita - de várias cores
Mas a mão não se pode tocar com facilidade
Há muitos espinhos
Espinhos machucam, machucam e escondem dentro de si toda esta dor
...
Mãe.
tal qual esta flor,
Tu és delicada e sensível
A qualquer toque - choram - suas pétalas
Enquanto "os que sofrem" por seus espinhos
Não enxergam que,
quem mais sofre
É quem derrama parte de si

sexta-feira, 12 de abril de 2019

"Aniversário"

"Aniversário"
Poderia ser um dia qualquer
Mas se faz um dia especial
Tem bolo, salgados e um beijo da mulher
Às vezes não é como a gente quer
Mas, embora fiquemos mais velhos
Não vejo nenhum mal
Recebemos abraços, lembranças
Palmas de adultos e a gritaria das crianças
Sopramos muitas velinhas
Mensagem que nas entrelinhas
É um suspiro de comemoração
Na verdade, não pode passar em vão
E não passa de jeito nenhum
...
Só nos resta agradecer
Àqueles que lembram e não deixam de escrever
Frases de impacto nas Redes Sociais
Que nos faz menos imparciais
Na verdade contamos os "Likes" e queremos até mais
Afinal
Pelo menos neste dia especial
Somos os donos da festa
E pouco nos resta
A não ser agradecer!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Geadas" - Payada escrita em versos gaúchos pelo meu amigo Anderson Mendonça

Meu amigo Aderson Lino, ou Aderson Mendonça, como queiram, é gaúcho de Bagé e região e nos presenteou com uma belíssima "payada", um estilo de Poema muito conhecido e muito recorrente no Sul do Brasil - é uma Ode ao nosso Regionalismo!

Conhece isso Flavio?
"Geadas"
Frio ingrato!!! Que faz a terneira berrar,
procurando a vaca para aquecer.
Ao cantar do galo, boto lenha no fogão
E aqueço a cambona.
Herança da minha velha mãe...
Mateio ao lado do fogão e o vento assobia na janela...
Converso com o meu melhor amigo de todas a lidas e campanhas que sempre me acompanha...
O chimarrão que o gaúcho não dispensa.
Sempre cevando e mateando...
Ao sair da cabana, bombeio horizontes que relembra os tempos de guri.
Lembrando lidas, campos, banhados, canchas, paleteadas, peleias e bailantas que jamais serão vistas e esquecidas...
Ao avistar o campo me bate o frio...
Frio que me doi o garrão que já não é o mesmo...
E avisa a velhice, junto com a costela quebrada que já não é a mesma.
Oigalê!!!! Tempos antigos!!!
Fui peão de estancia, peaoa campeiro e capataz
Ginete e domador
Tosquiei ovelhas com comparsas.
Lida sempre bruta.
E a geada aumenta com o passar dos ventos e a poeira branca que deixa sobre a grama...
Me vou para a campanha
E me lembro de tudo...
De já hoje agradeço meu patrão velho,
Por ter vivido nesta terra
Onde esta terra tem dono e herdo minha raça
Raça guarany, onde descansa este índio pura cepa.
À espera de Agosto onde se vai a geada com o romper da madrugada
E assim com boas lembranças.
Não sou payador, e sim missioneiro
Pura cepa me fiz aqui .
Neste rio grande velho de muitas querências e de muitas geadas.
Aderson Mendonça

quinta-feira, 11 de abril de 2019

"Crianças"

"Crianças"

Bailados descompassados em volta de uma ciranda
De mãos dadas
Todos iguais entre si
Não existem diferenças
Ainda não surgiram as crenças
Que segregam multidões

No "playground", no parquinho ou no terrão
Jogo de bola, bistecas ou pião
Pipas coloridas se confundem com a rota de um avião...
E todos se dão as mãos
Ainda são todos iguais!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Insônia II"

"Insônia II"

Não é fácil de dormir quando aquela química toda, impregnada,
Macerada
Acostumada
Viciante e viciada
Não toma mais conta, nem do corpo
Nem da mente, nem de nada
Mantém no escuro do quarto
As luzes da consciência ligadas
As pálpebras dilatadas
As entranhas totalmente engessadas
Mãos paralisantes e paralisadas
Não há espaço pro riso
Nem pro sorriso
Nem lágrimas derramadas...

E o silêncio da noite corrói
Tudo doi
Os músculos do dorso se moem

...
Vira-se de um lado para outro lado
Sorrateiramente, de punhos cerrados
Barulhos calados
E mesmo quase anestesiado
Não se consegue dormir

...
Antes fosse a voz da consciência
Gritando uma falha, uma indecência
Antes fosse uma filosofia que transcendesse à ciência
Mas não é nada disso que ocorre
É só o sono que morre
Não se consegue dormir

...
E viro mil vezes buscando no fétido travesseiro
Um minuto que se percorra inteiro
Que tenha ao menos sessenta segundos
Para que eu no escuro do mundo
Consiga dormir!


Rodrigo Augusto Fiedler

"Ansiedade"

"Ansiedade"

Vago pelas ruas imaginárias do meu pesadelo sem fim
Procuro portas abertas e destrancadas
Quero um encontro comigo, do meu eu, para mim mesmo
Procuro respostas exaltadas
Não aguento mais viver sob pressão
...
As batidas desconexas da alma
O descompasso do miocárdio, a falência do coração
O ar já não circula, pelo cérebro, pelas ventas, não atinge o pulmão
Fico sempre na espreita, na espera
Certa feita, talvez quisera
Ouvir algo que se diferenciasse do não!
...
Não consigo ser otimista
E olha que eu vivo uma vida purista
Não que eu não insista
A fugir desesperadamente do "não"
Isso me torna pessimista
Cético, desacreditado, com meu eu, intimista
Só eu e meus transtornos entendemos se há um motivo
Embora todos digam que "se ainda" estou vivo
Vale à pena viver!
...
São anos de tratamento
Remédios trocados a todo momento
Ritalina, codeína, Quetiapina
Alprazolam e Amplictil
Lorazepam e Rivotril
Ansitec e a "puta que o paril"
Cargas venenosas de Lítio
Doses cavalares de Valproato
Haldol e seus decanoatos
Todo tipo de "baratos"
E a Ansiedade não vai embora
...
Cada vez me sinto mais neurótico
Um louco, um demente, um psicótico
Queria apenas ser normal, e se não desse
Ao menos Normótico
Abandonar o olhar quase robótico
De quem sempre espera pelo pior
...
Quero sorrir a manhã do pio dos passarinhos
Ver a vida com carinho
E com Deus me entender!

Rodrigo Augusto Fiedler

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Metade - Oswaldo Montenegro

Metade
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
A outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

Oswaldo Montenegro

"O Ato e a Atitude de se Amar" (Crônica)

"O ato e a atitude de se amar"

Talvez, quando criança, ou adolescente, eu tivesse outros planos para minha vida madura. Mas como tudo é fruto de plantios e de colheitas, cheguei às vésperas dos 45 anos bem diferente dos meus primeiros planos. Sonhei ser bombeiro, médico, engenheiro civil, piloto comercial, etc... Fui no máximo um supervisor de Factoring e depois, já amadurecido, tornei-me professor. Fiquei doente, cheguei às raias da loucura, engordei 40 quilos, perdi todo meu cabelo, tenho problemas com o excesso de gordura no púbis, enfim... Tinha tudo para me detestar e continuar me maltratando, dando, a cada dia, mais recursos para minhas doenças me destruírem.

Porém, compreendi que não sou o que me mostra o espelho. Tenho algo lá dentro, que não é visível a olho nu - nem pra mim, quanto mais para os outros - que é digno de muito valor. Tomei 15 rasteiras bem severas da minha doença, tive comorbidades psicopatológicas, não venci na vida econômica, male má pago a pensão alimentícia do meu filho, minhas contas pessoais, mas! Aprendi a me amar. O dia em que o Id superou as armadilhas do Ego, eu me reconheci como um ser humano único, amoroso, bondoso, ingênuo, acolhedor e muito, mas muito feliz. Não meço mais minha felicidade pelo que poderia ter sido e não fui, pelo que poderia ter tido e não tenho. Meço minha felicidade pelo poder do Abraço, do convívio em família, pelos amigos REAIS que tenho e, principalmente, pelo caráter, forjado em fogo alto, que hoje é reto e não se desvia nem para a esquerda, nem para a direita, um milímetro que seja. Errei muito comigo, com outros. Sofri e fiz sofrer. Perdi contatos, colegas, parentes, muita gente... Mas adquiri uma esposa fantástica, a Roseli, tenho minha mãe 100% presente, a Dona Marlinda, recebo muito amor e muitas ajudas do meu Tio-Pai, o Senhor Augusto, tenho de volta o abraço dos meus primos outrora distantes, Anna, Regina e Gustavo. Tenho amigos num mundo azul, sou voluntário na causa de salvar vidas levando uma mensagem de Força, Fé e Esperança, tenho um amigo e Padrinho muito presente, Ricardo, amigos que se reaproximaram, como LincolnKleytonFabiano e Jofre, tenho um tutor espiritual, o Rinaldo. Resumindo: tenho muito mais do que merecia e estou apto a buscar as coisas inter e intrapessoais que ainda não tenho. Busco ajuda para alcançar o equilíbrio, uso a Programação Azul, tenho médicos, psicólogos e uma imensa rede de apoio e ajuda para jamais, ter de perseguir meus sonhos sozinho.

Hoje me aceito! Gordo, careca, pobre, cheio de comorbidades e vítima ainda de severas crises de Ansiedade e desequilíbrio.

Mesmo assim, não desisto! Faço o movimento contrário, não dou brecha para recaídas morais, éticas, físicas ou psicológicas. Abro a janela, arrumo a cama, lavo as louças, participo da vida da minha mãe, sou leal e fiel com minha esposa e muito afetuoso com meu filho.

É o que tenho para hoje e, eu vivo só por hoje. O mais? Ah, este ainda será revelado!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Eu, Flávio"

Para Flavio Vaz Peralta, grande líder, amigo e motivador..

"EU, FLÁVIO"

São tantas as obrigações
Que se fazem prazer pro meu eu
Que se fundem com tudo que creio ser vida
Fazem da cor cinza dum dia de chuva
Memórias de infância vivida
Na distante capital dos pampas
Que fora a base, minha rampa
Prum salto para o além Capital
Para que hoje, simples mortal
Imortalize-me em memória e exemplo
Quase acima do bem
E muito acima do mal
Eu que fui menino, aprendiz, consultor
Fiz vendas, negócios, reuniões – um explendor
A diferença que transcendeu ao produto
Fomentando do líquido ao bruto
O faturamento da alma de homem
Maior que os negócios do crédito ou das finanças
Que mexeu com o brio e a esperança
E me fez ser o líder de mim
Num caminho sem relógios de ponto, ponteiros, schedulles, calendários
Sem fim
Num caminho para tantos árduo
E para mim corriqueiro
E nem fora por tanto dinheiro
Mas pelo valor de ser compromisso
Obstinado a ser simples, ser Flávio
Ser Peralta
Ser isso
Que vem motivando equipes vencedoras
Traçando metas recompensadoras
E renovando a cada dia o...
Simples fato de poder dizer:
Isso é a vida, meu amigo, isso é a vida Rodrigo
Isso é viver...

Rodrigo Augusto Fiedler

"Que seja feita a Tua Vontade" (Prece)

Que seja feita a Tua Vontade

Deus da minha Salvação e do meu Amparo. Este Deus que, ainda sem nome ou ritual, me conhece e me escuta todos os dias!

Venho suplicar com fé e devoção que Tua vontade não seja o oposto da minha e que minhas atitudes, sonhos e planos não estejam em desacordo com Teus Desígnios
.
Peço que minhas carências sejam supridas, que eu tenha acesso à fartura, à abundância, ao conforto, à paz de espírito e sobretudo que Tua justiça (só Tu sabes o que e o porquê faz as coisas, permite outras e agracia sempre com tanta misericórdia) seja feita em minha vida. Peço saúde física, mental e espiritual. Peço reais condições de trabalho pleno e rogo para que Ti, acolhedor dos meus sonhos, planos e metas, decida quais deliberações são melhores para meu estágio atual dentro do meu existir.
Agradeço pelos livramentos, pela minha plena Recuperação, pela minha família e, inclusive, por fazer bem feitas, as Tuas Vontades em minha vida.

Sem sacrifícios, sem rituais, sem oferendas... Apenas com a fé, que ainda me é pequena, te entrego minhas Vontades e minha Vida para que dê a direção correta e justa para um desfecho agradável, brando, pleno e satisfatório para mim e para todos que de mim dependem, mesmo que parcialmente!

Amém!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Pequeno Conto do Cotidiano" - Colaboração de Caio Braga

Conto/Crônica do Cotidiano, por Caio Braga

Pequeno conto do cotidiano:

- Vovô, queria lhe perguntar umas coisas... tudo bem?
- Claro, meu neto, fique à vontade.
- O senhor viveu na época da ditadura, né? Como era?
- Bom... vamos lá: eu sempre trabalhei e fui obediente, nunca fiquei questionando muito as coisas porque sempre achei que era perda de tempo, sempre segui as regras e nunca fui de ficar perguntando muito...
- Mas vovô, o senhor nunca quis saber como as coisas funcionam, como elas são de verdade?
- Não, pra mim se eu tenho o que comer e um teto tá tudo certo, Deus quis assim e eu sou grato.
- O senhor acompanhava as notícias na época? O senhor lia e tentava se inteirar do que estava acontecendo?
- Meu neto, eu tinha mais o que fazer, eu tava trabalhando e pondo comida na mesa, como sempre fiz.
- Mas o senhor sabia da violência, das mortes de amigos que eram contra o regime?
- Não, meus amigos eram como eu, ninguém ficava dando uma de intelectual, a gente fazia o que mandavam.
- Vovô, desculpe perguntar... mas o senhor nunca questionou alguma autoridade?
- Olha, meu neto... eu fui criado pra obedecer, e quando eu não entendia algo ou me mandavam ir pra igreja rezar ou eu tomava uma surra, então esse negócio de "questionar" só serve pra criar problema, melhor é ficar sem saber mesmo algumas coisas!
- Mas eu ouvi que havia muita desigualdade nesses anos, que quem estava bem continuou bem mas que quem era pobre só ficou mais pobre ainda, isso é verdade?
- Olha, meu neto... eu só sei que Deus dá pra quem merece... se o caboclo rala e num tem nada é porque alguma coisa ele fez de errado, e o problema é dele, não meu.
- E violência? Tinha nessa época, vovô?
- Nada, imagina! A gente chegava do serviço e ia dormir numa boa, num tinha enguiço não!
- Vocês tinham acesso a cultura? Música, cinema, peças de teatro?
- Ah, sim, a gente via televisão e ouvia Roberto Carlos! Quer coisa melhor?
- Ok, entendi... pra terminar então esse papo chato queria só saber se o senhor acha que o nazismo e o fascismo são de direita ou se são de esquerda.
- Vixi, essas coisas eu estudei na escola, já esqueci, meu neto... mas acho que devem ser de esquerda, meu pai sempre disse que tudo que é ruim vem dela, então acho que é isso...
- Vovô, obrigado, o senhor me deu uma aula, agora já sei que caminho seguir, qual direção devo tomar!
- De nada, meu neto! Espero ter te ajudado! Aliás, amanhã é seu aniversário, não é?
- Sim, vovô! Que legal o senhor ter lembrado! E depois dessa conversa já sei como me posicionar de agora em diante nessa bagunça toda!
- Meu neto, só desculpe a minha cabeça, mas quantos anos mesmo você vai fazer?
- Tranquilo, vovô, isso acontece! Vou fazer trinta e seis!
- Poxa, é verdade, como o tempo passa rápido!

Por Caio Braga

"The Long and Widing Road" (para Paul McCartney)

"The long and widing Road"
(Homenagem a Paul McCartney)

Estradas sinuosas que nos levam de um ponto de partida
A um esotérico infinito
Suas curvas são tantas
Nada é mais bonito

Decretam ao mesmo tempo o fim e o início
Desamarrar os compromissos que se tornaram suplício
Cortam vales e montes
Nunca mostram a linha do horizonte
Pois são estradas sem fim...


Rodrigo Augusto Fiedler