quinta-feira, 14 de março de 2019

"Noite"

"Noite"

Noite úmida e fechada na penumbra
Nevoeiros baixos que não nos permite ver as esquinas
Muito menos as fáceis meninas, que se vendem por um troco qualquer

Noite escura de aspecto solitário
Cheia de andarilhos, moradores de rua, bandidos e salafrários
Microcosmo de um Poder desempossado
E o povo reage calado
Com medo de caminhar...

Noite muda, silenciosa, obtusa
Que se faz surda aos poucos sons de buzina
Bem diferente do que se imagina
A cidade que também não dorme
Oferece atentados torpes
E nos faz ter receio em falar...

Noite oblíqua, transversal e onipresente
Recebe em si todo tipo de gente
Que procura no apogeu da escuridão
Uma fuga para a insônia e a solidão
Mas não se deve andar por ela
Os riscos hão de deixar sequelas
É bem melhor tentar dormir...

Noite, que outrora foi o cenário dos apaixonados
Hoje ostenta bem mal acabados
Cabarés e bordéis bem mal frequentados
Drogas e pedintes por todos os lados
A noite enfim se perdeu...

E nem a oração sem fé de um ateu
É capaz de trazer um livre espectro de mudança
Acender lamparinas de esperança
Para que nela possamos conviver...

A noite morreu de frio, de fome
De descaso e de overdose
Morreu à míngua
E nem que eu falasse mil línguas
conseguiria este ocaso entender...

Rodrigo Augusto Fiedler


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