domingo, 30 de junho de 2019

O Filho Pródigo

"O Filho Pródigo"
Os pipas que não empinei
Os jogos de bola que não joguei
As redações que fiz à exaustão
Os livros que li, como não?
As aulas de matemática que sempre terminavam antes do fim
As de história que não falavam de Alladin
As de ciências que nunca entendi nada
As poesias que eu fazia e deixava a professora calada
O primeiro emprego veio tão cedo
Saía de casa com receio e medo
O mundo era grande, mas eu ainda era maior
Eu era diferente, não que fosse o melhor
E cheguei na fase adulta, ora confuso
Via um mundo se fechando, se tornando obtuso
Eu procurava pelas frestas
E acabei encontrando mil festas
Saí dos trilhos e quase perdi meu caminho
Não tinha certeza se sabia voltar para o meu ninho
O mundo dos vinte anos propunha distância
De tudo aquilo que eu fora na infância
Mas no dia de hoje, maduro
Voltei a ser terno, doce e até puro
Passei sim pelo Vale das Sombras e da Morte
E, amparado por muita sorte
Voltei, como João e Maria, pela trilha que aos poucos se desfazia
De dentro da densa floresta
Para a verdadeira festa
Na qual fui recebido com amor
Rodrigo Augusto Fiedler

O Dia

"O Dia"
Faz tempo que não escrevo um poema novo!
Minha vida tem sido uma enorme estrofe com versos singulares, cheios de momentos de reflexão.
Dedicação, obstinação, trabalho duro, recuperação...
Espiritualidade, mente aberta, muita boa vontade!
Altivez e produtividade!
Mesmo nos dias maus!
E assim sigo meus momentos
Me coloco frente a brisa da manhã
Me delicio com o vento
Mesmo frio, que acorda a alma
Traz a calma e o equilíbrio
Ressalta os valores do ofício
E se finda num descanso justo...

Rodrigo Augusto Fiedler

Versos Noturnos

"Versos Noturnos"
Agora me pego fazendo versos de madrugada
Noite alta que outrora gritava e hoje me é calada
Mudou tudo na cena noturna
O que hoje é meu descanso
Já foi de personalidade soturna
Ficou no passado
Eu não fico mais embriagado
Nem com os drinks, nem tampouco com as luzes
Hoje prefiro terços, preces e cruzes
Prefiro a mansidão
Me restou olhar para a noite e dizer: não
Não posso mais com você estar
Ficar na balada até o sol raiar
E ir pro alto da Madalena
No auge da manhã plena
O último gole tragar...
Me restou o que tanto hoje aprecio
Que é o silêncio que não dá um pio
A morte da doideira dos tempos idos
Históricos cheio de histórias que ficaram compelidos
A um breve estado de saudade
Algo que brilhou muito quando tinha outra idade
E que hoje não me seduz mais...
Rodrigo Augusto Fiedler

Reflexão

"Reflexão"
Honestamente,
Não sei se sou um bom poeta
Escrevo os versos que me dão na telha
O esforço para encontrar a forma, geralmente, é uma centelha
Não me preocupo em ser rotulado
Como artista ou escritor badalado
Quero apenas que desvelem meus sentimentos
As Palavras em Cena que retratam os meus mais íntimos momentos
...
Tenho sim a pretensão de fazer da poesia
Instrumento de liberdade e alforria
Mas não sei, de verdade, se atinjo esta meta
Sei que disparo mil setas
E uma hora vou acertar!
E se é que eu já acertei
Só o tempo poderá dizer, juro que não sei
Sou um poeta pequeno
Que escreve versos amenos
Que muitas vezes não são tão serenos
Mas que tentam modificar
Um mundo sem cor e sem luz a brilhar
Eu com minhas palavras que não são vazias
Procuro fazer quentes esferas frias
E montar como quem deixa o fragmento de um sermão
Um mundo colorido e inclinado a uma boa ilusão
Psicoversos - Palavras em Cena, um espaço para reflexão!
Rodrigo Augusto Fiedler

Hora de Dormir

"Hora de dormir"
Vou fumar o último cigarro da noite
Momento de solidão e solitude
Que me leva à reflexão e impulsiona a atitude
Mais um dia se findou
E eu, o que fiz para tornar este dia melhor?
O sonho não acabou
Aliás, apenas começou
...
Deixo para o travesseiro as catarses mais profundas
É nele que descubro de onde são oriundas
Tantas hipóteses e divagações
Tantas teses prontas e inspirações
É nele que vem toda minha calma e minhas vis reflexões
É nele que vou sonhar de verdade
Ou ter pesadelos cheios de saudade
...
É hora de dormir
Para que o dia receba sua recompensa
O descanso cerebral que atende a quem pensa
E não se conforma em não ter feito pouco ou quase nada...
É hora de dar uma parada
E se preparar para o amanhã
...
Que virá!
Indubitavelmente, virá!
Rodrigo Augusto Fiedler

Me Respeita!

"Me Respeita"
Me respeita porque eu abro alas pra você passar
Me respeita porque eu me calo pra você falar
Me respeita porque eu paro pra você andar
Me respeita porque tudo que faço é te respeitar
Tuas escolhas
Teus devaneios
Teus sonhos, tantas vezes sem freios
Tuas histórias
Tuas memórias que nem sempre são interessantes
Até o que é irrelevante
Eu respeito
Me respeita porque te mostro o caminho
Me respeita porque, de graça, te faço um carinho
Me respeita porque te tirei do ninho
E fui eu, quem te ensinou a voar
E se você voa tão alto
Não encontra nenhum percalço
Abre as asas e plana livremente
Foi porque houve respeito entre a gente
E eu te deixei planar
Me respeita, pois enquanto faço estes versos
Na calada da noite sombria
Mesmo sob a névoa fria
Eu te deixo descansar
Rodrigo Augusto Fiedler

Por Quase Um Segundo!

"Por quase um segundo"
Por um segundo pensei estar tudo perdido, acabado
Por um segundo me senti perdido e desorientado
Por um segundo, faltou-me a voz e eu fiquei calado
Por um segundo cheguei a pensar que não era mais tão amado
Por um segundo...
Mas veio o tempo e com ele a esperança
Vi que nada dura tão rápido, principalmente as alianças
Vi que tinha muito mais do que um norte
Mais do que um golpe de sorte
E que poderia, tudo aquilo, durar a eternidade
Dependia um pouco de Deus e muito da minha boa vontade
Não durava só um segundo...
Embora hajam coisas passageiras nesta vida
As que duram um só segundo
Não são as mais importantes do mundo
E nada e em nada eu devo temer
Devo fazer as coisas sem contar o tempo que dura
Ser solícito à graça que me é dada tão pura
Que em momento algum dura um segundo
São coisas que, se bem cuidadas
Duram pelo longínquo vale das jornadas
E só se encerram no céu!
Rodrigo Augusto Fiedler

quarta-feira, 5 de junho de 2019

"Surtos"

"Surtos"
Momentos e movimentos perdidos num espaço que não é sideral a
Um espaço tão pequeno que nem sequer é individual
Um momento que a mente desmente as verdades
Vomita sandices e impropriedades
Vai à loucura em segundos
Foge da cura pelos cantos
E termina num ato de ódio contra si mesmo
Às vezes num auto-extermínio
Outrora numa tamanha falta de domínio
Nem o psico-motor funciona direito
Encaminha-se o louco para um leito
Estreito
Duma psiquiatria fria
De onde talvez, não se saia nunca mais
Rodrigo Augusto Fiedler

"Tempestade"

"Tempestade"
Raios e trovões
Muita água
É tudo que se imagina quando se fala em tempestade
Mas, pior do que esse fenômeno da natureza
É viver sem apreciar do dia as belezas
E não se encontrar com a felicidade!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Aspirações" por Caio Braga

"Aspirações"
(Caio Braga)
Por uma vida com mais vento na cara e menos poeira na fuça
Por uma trajetória com mais trabalho e menos carreira
Por uma existência com mais vivência e menos sobrevivência
Por dias com mais descontrole e menos contenção
Por estradas com mais horizontes e menos placas
Por pensamentos mais livres e menos libertinos
Por consequências menos dolorosas e mais justas
Por devaneios mais lúcidos e menos induzidos
Por mergulhos mais profundos e menos ensaiados
Por notícias mais reais e menos coloridas
Por humores mais jovens e menos imaturos
Por razões mais despudoradas e menos senis
Por deuses mais elevados e menos humanos
Por criações mais belas e menos vaidosas
Por um futuro mais presente e um presente menos passado.