terça-feira, 28 de maio de 2019

"Enfermidades"

"Enfermidades"
No momento de enfermidade
Falta-me além de tudo a vontade
De produzir e ir além
Falta-me a vontade de estar bem
E eu não consigo reagir...
Não consigo sorrir
O riso que me é, sempre, peculiar
Fico vitimado pela doença
E embora eu exerça minha crença
Não consigo ressuscitar...
Do quarto que, em muito, é meu algoz
Lugar escuro que cala a minha voz
E que não me permite continuar
Mas não fui feito para ficar de uma cama refém
Meus projetos e objetivos vão bem mais além
Eles precisam do Sol e da luz que ele irradia
Mesmo tímido numa manhã fria
Eu preciso acordar...
Amanhã será outro dia
Estou medicado, descansado e pronto para a alforria
Da escravidão depressiva das enfermidades
Que duram só 24 horas, não são minhas verdades
Eu vou em busca da reação
Ficar definitivamente bom
...
Para viver bem, por mais um dia que está por vir!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Sobre éter e constelações" - Colaboração de Caio Braga

SOBRE ÉTER E CONSTELACOES
(Caio Braga)
Se sou tão viciado em mim mesmo
O que me falta senão a morte como homenagem?
E mesmo que uma saudade surja a esmo...
Restará aos demais uma última mensagem?
Na sanidade e contemplação procurei habitar
Contudo nos desvios também fiz temporadas
Deixando meu cálice de excessos transbordar...
Até no crepúsculo assentar inúmeras moradas
Meu firmamento de cores opacas e licenças negadas
Nada em retorno obtive dele além de chagas
Em silenciosas e constantes geadas
Que deixaram suas marcas como adagas
Senti mil vidas e vesti mil máscaras senis
Ainda bem jovem corroí a esperança
Dentro dum balaio indigesto de intenções vis
Num eterno aguardo de uma ilógica bonança...
Por isso hoje louvo a todos que às estrelas devotam adoração...
Sem contudo jamais permitirem que seus pés deixem o chão

Caio Braga

domingo, 26 de maio de 2019

"Meninos"

"Meninos"
Até aonde vai o amor?
Não importa se esta pergunta tem nexo
Se os envolvidos têm o mesmo sexo
O importante é amar!
Amar um menino, sendo também menino
Pra muitas famílias, para a igreja pudica e conservadores de plantão é um desatino
É a pior forma de pecado
Diz uma parte do Livro dito Sagrado
Que é uma prática abominável
Mas eu ponho em xeque e digo que é questionável
Porque veio um Mestre falar de amor
De repudiar o pecado, mas amar o "pecador"
Este mesmo Mestre morreu por Amor...
Acho que ninguém entendeu o recado
Pra muita gente continua sendo pecado
Mas eu do alto da minha filosofia
Digo: ame como se não houvesse outro dia
Só não se perca na promiscuidade
No excesso egocêntrico e suas vaidades...
Apenas ame! Pratique o Amor
Peguem suas bandeiras cheias de cor
E sejam felizes neste mundo
Que ainda é imundo
No qual você que ama outro menino
Sem nenhuma ironia do destino
Ainda vai ser hostilizado!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Filhos da África"

"Filhos da África"

Quero falar-lhes dos filhos da África
Que sofreram ou sofrem na prática
Mesmo depois de mais de duzentos anos
Agressões e toda sorte de danos
Não houve liberdade
A Lei Áurea nunca foi de verdade
Não houve alforria para homens da pele preta...

Nos empregos ganham menos, isso quando tem digno trabalho
Nas universidades só entram com muito malho
Não vejo afro-dentistas, afro-médicos ou afro-doutores
Vejo a cada dia, cada vez mais, afro-dores
E vozes que se calam
Se estão na Classe Média, não é porque trabalham
Pro opressor racista e dono da razão
Negro de sucesso é filho da sorte
Mas chegamos, a tempo, com outra visão
Os negros não vão mais singrar para a morte
Porque há quem bata de frente com esse tipo de gente
E diga: de novo Não!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Negro é Lindo"

"Negro é lindo"
Negro é lindo, negro é cor
Negro é história de muita dor
Negro é tão grande que é todo um continente
Negro é tão boa gente
Que vive contente
E suas histórias a contar...
Negro é lindo, negro é Xangô
Negro é a história de Bantos e Nagôs
Negro é tão grande que é toda uma religião
Negro é Umbanda na palma da mão
Que vive obstante
E suas almas salvar...
Negro é lindo, negro é Bob Marley, ou Gilberto Gil
Negro é lindo, músicas feitas num assovio
Negro é tão grande que já é maioria no Brasil
Está em todos os cantos e em todos os cantares
Em toda melodia, nas esquinas e nos lares
Ser negro é estar vivo em qualquer lugar
Mesmo que precise impor sua voz e lutar
Negro é gente, das melhores, e tem alma
Combatem o preconceito ainda calados
Respaldados
Pelo Axé e pela calma
Que lhes é a característica central...
...
Negro é lindo!

Rodrigo Augusto Fiedler

sábado, 25 de maio de 2019

"Onde mora Deus"

"Onde Mora Deus"

O céu está ao alcance de nossas mãos
Não precisa-se de escadas
Nem elevadores
Basta que sejam louvadas
Orações repletas de fervores
No céu, será que é onde mora Deus
Zeus morava no Olimpo
O ouro se extrai do garimpo
E Deus? Estaria esta força na abóboda celeste
Eu acho realmente que não
Deus mora no poder da oração
Para alguns é joelho no chão
Para outros é ritual repleto de devoção
Deus pode morar no céu
Pode morar nas matas
Talvez nos mares
Ou em muitos lares
Deus mora dentro da gente
E não precisa ser evangélico ou crente
Pra se ter esta certeza
É só analisarmos o tamanho da beleza
Que o ser humano traz consigo
A capacidade de fazer-se amigo
E ofertar uma fagulha do Deus vivo
Para aquele que rastejando só pede uma mão
E ganha de graça um abraço e uma pura oração
Oração pura que cura
As dores da alma, do corpo
E principalmente do coração!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Áfricas"

Áfricas

As Áfricas não são utópicas
Aliás, utopia nenhuma cerceou tamanho continente
As Áfricas são caóticas
Matam de fome e descaso milhares de gentes
E a culpa não é dela, ou delas
É do que, por 500 anos fizeram com elas
Dizimaram toda riqueza
Acabaram com a natural beleza
E restou pouco mais do que a fome...

Hoje, distópica, é a cena da pobreza
Não tem pão, não tem água, nem sequer uma mesa
Dizem que recebem ajudas comunitárias
Esmolas estatutárias
Que mesmo que fossem várias
Não mataria a fome que mata de fome quem
Num espectro de vida some
Em meio à seca
E restou pouco mais do que a fome

Na verdade, não restou nada!

Rodrigo Augusto Fiedler

sexta-feira, 24 de maio de 2019

"Lembranças"

"Lembranças"
Lembro-me da minha avó rezando uma espécie de terço
E de mim, em pé, no berço
Tentando entender aquele momento
Que funcionava como unguento
Para as feridas da alma...
Lembro das vezes que fomos, fim de tarde, na padaria
Comprar "meia bengala", para outros "meio filão"
Como eu me esqueceria
Destas tardes que não passaram em vão
Tinha o café com leite e o pão com mel
Aquilo - tão simples e delicioso - nos levava ao céu
Era nosso lanche diário
Que guardo no meu melhor relicário
São imagens que se fundem com saudades
São as minhas verdades
Das quais jamais vou abrir mão...
Mas minha avó envelheceu
De muitos cuidados padeceu, cuidados diários
Afinal ela adoeceu e não podíamos fazer o contrário
Da padaria e do tal do café ela foi para um leito, acamada
Mas nunca ficou sozinha ou desamparada
Ficamos ao lado dela até o momento derradeiro
Gritamos por socorro ao mundo inteiro
Não haveria de sobrar muito tempo
Portanto, cada momento
Se fazia único e especial...
E assim foi! É a roda da vida!

Rodrigo Augusto Fiedler

"O Belo está morto"

"O Belo está Morto"
Desde pequeno eu tinha cadernos recheados de versos tolos
Versos que retratavam cenas da minha infância
Que foram perdendo a relevância
Sua seiva, sua importância
E que nem sequer existem mais...
Irrelevantes, simplórios
Desimportantes, para o hoje até impróprios
Os versos de ontem não ficaram para sempre
Era poesia vista pelos olhos de uma criança
Que sempre, em todos os casos, enxerga esperança
Mesmo em meio ao que se torna caótico
Neurótico
Acelerado, ansioso e psicótico
...
Os olhos das crianças enxergam o Belo
E eu arrisco parafrasear Nietzsche quando diz que Deus está morto...
O Belo também está!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Travestidos"

"Travestidos"
Estou farto de mentiras travestidas de verdades
De luxúria travestida de vaidade
De preguiça travestida de comorbidade
De chiliques travestidos de alardes
Só sei que o que queimar
É realmente aquilo que arde
Não dá pra transmutar
Envolver, seduzir
Enganar...
Estou farto de animais travestidos de gente
De insensíveis frutos do capital travestidos em alguém que sente
Que não é seu parente nem ente
Mas que alega sentir dor
Estou farto de ver o verdadeiro rancor travestido nesse mesma dor
Que não dói porque não é no peito
Porque não te carrega ao leito
Tem que te dar o direito
de discutir em formato de pleito
Se a alma travestida de anjo celestial
Teve seu mal perdoado
Ou se assim mesmo é declarado culpado
...
Que vá travestido de espírito
Fazer papel congênito
De modo que não seja empírico
Nas lamas do Umbral.

Rodrigo Augusto Fiedler

quinta-feira, 23 de maio de 2019

"Onde tudo começa" de Denise Dias - Colaboradora

ONDE TUDO COMEÇA .
Dormem na cama dos pais até quando querem. Largam mamadeira e chupeta quando querem. Só comem o que querem.
E dai? Que mal faz?
Anti-Social aos 11 anos.
Melhor celular a cada Natal.
Surdos com seus fones de ouvido.
Centenas de amigos virtuais.
Não pensam nos riscos.
Festa social? Se não for top, nem vou.
Alto grau de exigência. Conseguem tudo o que querem.
E dai? Que mal faz?
Os pais não precisam brincar.
O celular faz isso.
Os pais não precisam buscar nas festas.
O Uber faz isso.
Os pais não precisam cozinhar.
O Ifood faz isso.
Os pais não precisam nem educar. A escola integral faz isso.
E daí? Que mal faz?
.
Nem pensam que tudo o que o filho quer é "um puxão de orelha" e uma bronca: "hoje não é dia de festa! Vai comer comida que presta!" Criar filhos está "mais facil", mais cômodo, afinal, a crianca resolve tudo com cliques na tela.
E daí? Que mal faz?
Ler para o filho? Cantar musica e fazer cafuné? Luxo para poucos. Os pais estão desconectados. Precisam de ajuda, mas só aceitam quando a bomba explode.
Pais e filhos sob o mesmo teto mas diálogo zero. Nem um filme juntos. Mas sempre conseguem aquela selfie de família perfeita. Afinal, o que importa é mostrar que é feliz. Ter mil curtidas.
Mal sabem o que é um jogo de tabuleiro. Pensar virou uma coisa que dói. Fazer criança pensar parece que é fazê-la sofrer.
E o que você quer ser quando crescer?
Youtuber. Blogueira. Vlogueira.
Digital influencer.
Estudar, entrar na faculdade, se especializar... imagina!! Não sei esperar.
Não sei ouvir nao.
Não sei o que é frustração e rejeição.
Culpa de quem?
Ops! Nao se pode falar nisso.
Não pode é mais nada.
Não pode dar palmada, nao pode falar alto, nem em pé com a crianca. Não pode castigá-lo. Não pode nem falar não.
E o tempo passando. Os filhos crescendo. Drogas e suicidio aumentando.
Querem tudo pra já.
Bem no esquema "venha a nós o vosso reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no Céu". E aí do adulto que não disser "amém,"

*Texto: Denise Dias Terapeuta*

"Eu acredito no Amor" (Crônica)

Sou um cara que sempre acreditou no bem. Sempre procurei ver nas pessoas o seu lado bom, e, quando esta bondade não era latente, eu criava na minha mente "adocicada" uma imagem boa e pertinente das pessoas que me cercavam.
Com isso, fiz várias escolhas erradas, estive com pessoas de caráter duvidoso (que só eu não via por muito tempo). Basicamente, impulsionado por uma carência patológica, o bullying que sofri na infância, a necessidade sempre latente de fazer parte de algo onde eu fosse o destaque, me permiti seguir caminhos que me levaram a um processo gravíssimo de autodestruição. Drogas, álcool, depressão, ansiedade, princípios de Borderline, insegurança, medos, síndromes do Pânico, paranóias e complexos graves de inferioridade tomaram minha vida dos 17 anos aos quase 40.

Poderia e deveria ter aprendido muito com isso tudo e, inclusive, ter me tornado um homem cético - mas não! O que talvez tenha sido solucionado foram os episódios de Pânico, as Fobias Sociais, os Transtornos Borderline, as Paranoias e a Síndrome de Inferioridade. Mas continuo, exatamente como há 25 anos atrás olhando para as pessoas e "idealizando" o que elas "podem ter de melhor". Eu sou um homem tão bom na essência do meu eu que não consigo ver a maldade e outros comportamentos escusos no outro. Eu ainda acredito no ser humano e talvez seja esta uma brecha para eu me ferir ainda por algumas vezes na minha linha da vida.

Mas tudo na vida são escolhas e eu prefiro ver a rosa em botão e talvez me ferir com os espinhos, do que ver a morte da rosa. Ou, como dizem os Titãs, Flores de Plástico não morrem, (mas também não ferem...)

Este sou eu, um eterno ilusionista da busca pelo bem. E sabe o que é mais legal? Que dê um tempo para cá, quando entrei em recuperação e passei a evitar, obrigatoriamente, algumas pessoas, meus dedos se feriram muito menos ou quase nada.
Eu acredito no Amor!


Rodrigo Augusto Fiedler

"Dois Corpos"

"Dois corpos"
Gosto da imagem de dois corpos nus se abraçando
Das lágrimas misturadas ao suor que escorre por entre os peitos
Gosto dos uivos e gemidos, por vezes, sufocado
Do frenético movimento de vai e vem de corpos descompassados...
Gosto dos lençóis que ficam encharcados
Da mais pura fantasia
Da penumbra, à meia luz, que transforma o que poderia ser uma tola pornografia
Num ato erótico
De espectro caótico
Nada estático
Mas monocromático
Que em minutos leva da Terra aos céus
Num "Gran Finale" fantástico...
E dois corpos caem...
Flácidos no lençol outrora plácido
Espectador ocular de uma cena
Que se pode chamar de amor
...
Mesmo que tenha durado poucos minutos!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Contemplação"

"Contemplação"
Espero você adormecer para fitar seu sono bom
O brilho da lâmpada do meu abajur deixa tua pele com um tom
Brilhante, brejeiro, moreno e marrom
Tuas curvas me acendem o desejo
Me excito em te ver, ao meu lado, deitada
Sem se mexer um centímetros, sem gemidos
Totalmente calada
Minha vontade é tomá-la pelos braços
E te acolher no meu colo receptivo
Enche-la de beijos doces e "calientes" abraços
Te mostrar que ainda estou vivo
E tenho por ti um desejo latente
Algo que me corrói as entranhas de tão quente
É o meu lado animal irracional que nada tem a ver com gente
É o lampejo do desejo carnal
Que está acima do bem e do mal
E que faz de nós dois, entes individuais
Um só, algo uno que resplandece ao mesmo tempo,
Loucura e paz...
Mas eu do meu canto fico só com a fantasia
Deixo todo meu desejo submergir
E do meu lado da cama, amparado pelo abajur que se apaga
Te deixo dormir...
Rodrigo Augusto Fiedler

quarta-feira, 22 de maio de 2019

"Dia do Abraço"

"Dia do Abraço"
Hoje é o dia do Abraço...
Um laço entre duas pessoas que às vezes nem se conhecem...
Uma expressão de carinho que nos aproxima do outro, que revela nossa empatia
Nossa simpatia
Nossa devoção!
Um ato que pode salvar uma vida
Ou pelo menos um momento
Dar um abraço é colocar-se dentro
De alguém que muitas vezes está carente
Solitária num mundo repleto de gente
É doar o que se tem de melhor...

Rodrigo Augusto Fiedler

"E agora?" (Poema em homenagem a Carlos Drummond de Andrade)

"E agora?"
E agora você?
Que acredita na sorte
Que aposta a vida contra a morte
Que se sente "o tal"
Que faz todos crerem que é imortal...
E agora você?
Que alicerça sua vida em fantasias
Troca a noite pelo dia
Faz de conta que vive cercado de alegria
Mas chora por trás das coxias...
E agora você?
Que acha que sabe tudo
Faz com que todos fiquem mudos
Tem a defesa de um escudo
Mas no fundo (e no raso) não passa de um arrogante
Que veste a máscara do infante
Mas que nem consegue ir avante
Porque não é, nem nunca foi tudo isso
Se basta de um sentir adoecido e postiço
Que geralmente te faz terminar só...
E agora você?
Lhe é dada a chance da redenção
Da mudança interna que começa pelo coração
Olhe em volta e verá muitas mãos
Ofertadas para que você saia do buraco que tu mesmo cavaste com sua prepotência
Estamos aqui, oferecendo clemência
Saia e venha com a gente
Pelo menos se esforce e tente...
O mundo entre iguais é muito mais colorido
Pode ser por um instante sofrido
Porque assim é viver na realidade
Sentir emoções de verdade
E nunca mais precisar se esconder...
Rodrigo Augusto Fiedler

"Arrogância"

"Arrogância"
O problema do arrogante é nunca perceber a si próprio
Se basta em sua loucura egocêntrica como se fosse algo além de um ópio
Não compreende que é um simples humano
E assim, como num teatro qualquer, ao cair o pano
Encerra a cena.
Chega a dar pena
Ver o indivíduo perdido em sua autoavaliação
Recusa todas ajudas sem sequer pronunciar um "não"
E você em seu mundo obtuso e fechado
Impede que alguém
Muitas vezes do bem
Esteja ao seu lado...
Se basta sozinho
Não entende que perante o Universo é ínfimo, pequenininho
Se considera perante seus iguais, o maioral
Julga sem toga o bem e o mal
E geralmente permanece neste estado adoecido de caráter, quiçá de personalidade
Até que fique frente a frente com a única verdade:
Não somos criadores, somos criatura
E precisamos buscar da forma mais pura
Sair desta cela, masmorra do ego, tão escura
E conhecer o espectro de luz
Que certamente conduz
A um mundo onde a humildade
Vale mais que mil vaidades
...
Um mundo gigante, no qual somos meros seres insignificantes
Percebemos que se formos e permanecermos arrogantes
Infelizmente
Não terá mais gente
Que aguente estar ao nosso lado
...
E padecemos sozinhos, infelizmente isolados
Não conseguimos nem sermos mais amados
Não nos resta nem uma fresta
Estaremos só...
Rodrigo Augusto Fiedler

"Inteligência"

"inteligência"
Inteligência nada tem a ver com decifrar ou criar ciência
É uma habilidade mental de, entre outras coisas, sobrevivência num mundo onde o mal
Impera sobre o que deveria ser certo
Inteligência é o dom dado pelo Criador para que possamos sobreviver à maldade do mundo
Onde jaz, é dito, o inimigo
É o dom de buscar um bom abrigo
Nos dias de chuvas torrenciais
Inteligência é ofertada a todos humanos
Mas muitos permitem que planos
Escusos e de interesse próprio
Façam com que ela "entre pelo cano"
E daí nós nos sentimos limitados
Castrados
Infelizes e abandonados...
Mas este espectro não é verdade
A inteligência é a mola da vivacidade
É saber viver repleto de sagacidade
Enfrentar monstros que nascem de dentro do peito
E, quando estamos fracos, nos derruba num leito
E se abstém de nos fazer caminhar para frente
No mesmo fluxo de milhões de gentes
Às vezes, nem tão inteligentes
Mas que usam o pouco que tem
Para viver com dignidade
Sempre ambientado à verdade
Sem medo algum do amanhã...
Rodrigo Augusto Fiedler

terça-feira, 21 de maio de 2019

"Identidade" (Por Edison vargas - Colaborador)

IDENTIDADE
Quem somos ?
Não somos os rótulos
Não somos as crenças
Estas são apenas descrições do que fazemos ou do que temos, ou até mesmo do que acreditamos;
Mas, nada disso diz quem somos.
Talvez para reaprender quem somos, precisamos desaprender quem não somos.
Só este encontro que devo ter, comigo mesmo
Vai resgatar a minha verdadeira identidade
E, assim sendo resolver minha maneira de encarar a minha existência
E, assim poder reconhecer que já tenho o que sempre busquei, eu mesmo

Edison Vargas

"O Ocaso da Poesia"

"O Ocaso da Poesia"
O poeta sem versos é um artista falido
Desmerecido
Adoecido de sua própria vocação
Abstido da devoção
Pelas palavras simétricas que elaboram os versos, as estrofes e quando muito, as rimas
O poeta sem versos é como um louco que desatina
Perde pra si mesmo a vontade de viver
Pois não encontra, em meio as palavras, flores coloridas para enaltecer
O que poderia
Se tornar uma grande poesia
E as poucas palavras que, ao esmo, se encontram
Não, de jeito nenhum, encantam
São só palavras escritas, rabiscadas sem nenhuma emoção
Pois não partem do melhor que produz o coração
São palavras sintéticas
Sem vida, sem cor, sem alma, sem amor
Sem nada...
Rodrigo Augusto Fiedler

"Irresponsabilidade"

"Irresponsabilidade"
Por que prometem coisas às quais não se pode (ou quer) cumprir?
Por que elevar a confiança de uma pessoa e depois não poder agir?
Por que fazer com que façamos expectativas que jamais vão fluir?
Por que dizem para ficar, se na verdade, temos de ir?
Por que não se respondem os porquês recheados de dúvida?
Por que não cumprem compromissos como que paga uma dívida?
Por que enaltecem nas pessoas tão simples um universo de ansiedade?
Seria descaso?
Seria maldade?
Seria vaidade?
Por que abandonar uma pessoa que luta pra se encontrar?
Por que mostrar caminhos, nos quais não se pode andar?
Seria descaso?
Seria maldade?
Seria vaidade?
Não, nada disso! O nome que recebe quem brinca com o outro não pode ser outro...
Irresponsabilidade!
Rodrigo Augusto Fiedler

segunda-feira, 20 de maio de 2019

"Desconforto" - (Por Caio Braga - Colaborador)

"Desconforto"
(Por Caio Braga)

Minha grande fome que sempre encontrou asilo no caos...
Fui tanto sábio quanto louco em meio ao pó e as buzinas
Nasci num microcosmo rural e cresci numa área cinzenta
Minhas lágrimas verti na capital mas meu cordão ficou no interior
Quis retorno e ainda busco minha paz em meio ao passado
Naquele ambiente bucólico que me pariu
No qual sou universal
E posso afirmar...
Envolto em cinza penso melhor
Mas rodeado de verde sinto melhor.

Caio Braga

"Recado ao Presidente" (Crônica)

Presidente,

Falando em Educação...

O Senhor que tanto defende a família brasileira (e nisso, em partes, concordamos) motive os pais de hoje a dar aos seus filhos uma educação que não precise ser retomada na escola. Incite os pais de hoje a acompanhar o desenvolvimento dos filhos longe da Netflix e das Redes Sociais. Fomente o interesse dos pais em se fazer presentes na vida de seus filhos, pois não é responsabilidade de escola alguma - pública ou privada de fazer isso.

Fale do alto dos seus palanques para que a Classe Média idiota que votou no senhor para não "comprar" seus filhos com presentes que não substituem a ausência perene deles dentro dos compromissos de pai ou de mãe. Mesmo que o senhor seja um boçal que sequer sabe o valor da Filosofia e da Sociologia, instigue seus eleitores, a maioria dos brasileiros, a incitar o pensamento crítico dos jovens ainda dentro de casa.

Explique para estes pais politicamente confusos que só a educação liberta e que eles (pais) estão formando uma geração de imbecis e idiotas institucionalizados pelo Instagram, pela Marvel, pelos Mangás (quando muito) e pela Rede Globo.


Ao invés de cortar verbas das Universidades, presidente, mude os sistemas de vestibulares, mude a abordagem capitalista que coloca jovens obtusos e sem nenhuma noção do que é qualidade de vida, dentro das universidades.


O jovem chega tão despreparado para o Ensino Superior e a liberdade que ele oferece, que em breve tempo, temos uma epidemia de maconheiros circulando pelos Campus.


Aja a favor da família, que foi o seu discurso central, não contra as Universidades, que são a mola propulsora de um país. Se os jovens andam pelados, bebendo e se drogando a torto e a direito dentro dos ambientes universitários, presidente, é porque, no ambiente familiar já havia um ocaso e uma falência que, quem sabe o seu discurso tacanha e retrógrado possa vir a melhorar.


Abre o olho, presidente...


As coisas, definitivamente, não são como o senhor e sua prole estapafúrdia, acreditam que são.


O buraco é mais embaixo e o senhor nos deve severas explicações!


Rodrigo Augusto Fiedler

"Retratos"

"Retratos"
Presos num álbum empoeirado
Lá na parte de cima do armário embutido
Nem sei porque há tanto ficou guardado
O registro tão velho de um tempo ido

São retratos da infância
Das raízes do bairro e da vila
Algumas tem total relevância
As obras da Igreja São Pedro, nossa matriz
As meninas e seus espartilhos fazendo às vezes de mis
Hortas cultivadas na orla da estação de trem
Carlos de Campos era para onde se vem
Ter um encontro romântico na plataforma
E tudo isso, em sépia velha, toma forma
E conta uma história por meio de imagens
Que, depois de quase 100 anos vale mais que mensagens
Devolvem vida a um passado remoto
Fazem do povo, de um santo, devoto
São Vicente de Paulo, Padroeiro da Penha
E ao virar páginas e páginas do álbum que venha
Mais saudades daquilo que não vivi
Afinal sou de cá, não poderia estar ali
Mas viajo no tempo
Pensando como poderiam ser os atos
Se fosse eu o personagem
Daquele álbum de retratos...
...
Mas eu não estava lá!


Rodrigo Augusto Fiedler

domingo, 19 de maio de 2019

"Intimidades Vazias"

"Intimidades vazias"

Eu queria viver uma história de amor
Uma história com um pouquinho de sacanagem
Alguma sedução
Intimidade...
Não uma história fria na qual a abordagem
Até atinge o coração
mas que não vai além da lealdade
E, que quase sempre, parece mais uma irmandade
Um culto á amizade
Duas pessoas vivendo duas histórias
Sem um devaneio uno
Abstida dos toques dos corpos, nunca nus
e mesmo que se apague a luz
Nada...
Acredito que no relacionamento
As pessoas cedem seus intentos
Para que possam se tornar uma só...
Do dia em que se conheceram
Até o dia em que ao menos um deles, volte ao pó...


Rodrigo Augusto Fiedler

"As Portas"

"As Portas"
Bato em portas que se fecham
Ouço palavras fáceis que me iludem
Persisto na luta contra mim mesmo
Não me perco ao esmo
E continuo a lutar - eu sou um Gladiador
Permaneço em pé em meio a dor
Que parte da dificuldade de encontrar uma brecha
Mas como se fosse uma flecha
Eu corro atrás do destino
Posso estar, por agora, alquebrado
Depressivo, transtornado e angustiado
Mas isso é pouco para me conter
Eu vim para este plano para vencer
Mesmo depois de alterar tantas rotas
E experimentar tantas derrotas...
Eu ainda não bati na porta certa!
Rodrigo Augusto Fiedler

sábado, 18 de maio de 2019

"The Show Must Go On"

"The Show Must Go On"
Um show não pode (ou deve) terminar
Ele deve continuar vivo no pensamento e na memória
Tem que deixar história
E para sempre continuar
Cada cena, cada ato, cada aplauso
Todos fatos
Que eternizam na nossa mente
Por vezes carente
Que o show não deve terminar
...
Um bom show não termina nunca
Ele é eterno no sentimento
Não dura só o momento
Em que o palco faz suas vezes
...
O show tem de ter a arte de permanecer vivo em nossa vida
Fazer nossa história menos sofrida
E, em nossos caminhos, não importa se na volta ou na ida
Fazer-se perene!
...
The Show Must Go On!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Poesia"

"Poesia"
Por que tanta dificuldade com a poesia
dela se extrai momentos reflexivos, uma chance de se praticar a empatia
com o autor que geralmente vê o mundo de uma forma singular
Pode ser que ela, num momento obscuro, seja a lamparina acesa, numa sala de estar
Pode indicar caminhos
Pode acolher no ninho
Oferecer diversas emoções
Independente de tácitas noções
Não é necessário entender de literatura
É só olhar para ela com a alma pura
e vivenciar os versos, os ritmos, quando possível as rimas
Um mergulho numa piscina
De letras compassadas em busca da sensibilidade
Que pode ser a porta aberta à felicidade
...
Que não encontramos em dias comuns!

sexta-feira, 17 de maio de 2019

"Castidade"

"Castidade"
Tu buscas a nudez de teu corpo
Cheia de inverdades sobre a intimidade
Não consegue despir-se das roupas
Pois naquele momento não há verdade
É só o selvagem instinto
Algo que também sinto
Que nos une num corpo só...
Mas destes um passo para traz
Alegou não querer mais
Esperava, de fato, que o ato
Estivesse pelo amor fantasiado
E não por uma simples e efêmera paixão
Que quando analisada no campo da razão
Escolhesse entre o sim e o não
Esperar que o amor floresça
Que a intimidade cresça
E que haja muito mais que confiança
Pois até ontem eras criança
E hoje, frente a frente com a mais severa emoção
De corpos que se entrelaçam como duas mãos
Preferiu apostar noutro momento
Que será presenteado com o tempo
...
Se essa paixão não morrer!

"Transtornos"

"Transtornos"
Eu não sei sair deles
Eles me consomem periodicamente
Fazem com que eu não me sinta gente
E tenha grande vontade de morrer
Eu, ora me aplico, ora faço o movimento contrário
Não sou um vagabundo salafrário
Mas quem vê de fora não entende
Vivem dizendo: se esforce, tente
Como se estivesse ligado à minha força de vontade...
Mas não está, são sentires malditos aos quais não tenho controle algum
Nem com tantos remédios, tratamentos, consigo ter, que seja um
Dia de paz e produtivo
Não consigo me fazer altivo
Vivo escravo das alterações de humor
Que geram no meu eu
Uma insuportável dor
...
Me sinto perdido, ora paranóico
Ora abatido
Me sinto vítima de muita fraqueza
E falando com toda franqueza
Preciso de ajuda
Que se acenda uma luz que seja minha guia
Para me devolver a alegria
E a vontade de viver!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Livros"

"Livros"
Nas suas páginas escondem-se histórias e fantasias
Tristezas, guerras, batalhas, poemas ou simples alegorias
Servem como passaporte para se conhecer o mundo
De um jeito bastante profundo
Mexendo com a imaginação...
De palavras cadenciadas que nunca estão soltas
Percebemos nossas mentes envoltas
Na arte de transformar palavras em imagens
Recebemos, ora curto-circuitos de todas voltagens
E, em choque, criamos a cena
Fazemos com que elas fiquem plenas
E deem formato imagético ao texto
Vamos colocando capítulos a capítulos dentro de um grande cesto
Que se chama criatividade
Que nos oferece, a qualquer idade
A chance de sair d'onde estamos
E visitar o mundo com asas de Ícaro que não derretem com o calor do sol.
Rodrigo Augusto Fiedler

terça-feira, 14 de maio de 2019

"A Espera"

"A Espera"
Esperar por alguém que nunca chega
Por promessas nunca cumpridas
Por verdades travestidas
Enfim,
Ficar até o fim
Esperando calado
Na fé e na esperança ambientado
Ou colocar a tal da espera no colo de um Poder Maior
Que decide, lá de cima, o que há de ser o melhor
Às vezes, esperamos em vão
Sabemos e é bastante claro que a resposta é um "não"
Mesmo assim, embebidos pela vaidade
Esperamos que seja feita a nossa vontade
E que recebamos um confortável "sim"
E nestas, insistimos a ficar como quem está num ponto de ônibus
Torcendo para que a tal espera não nos gere ônus
...
Independente de qualquer sinal
Que pode ser do bem ou do mal
Permanecemos a esperar
E não colocamos ação!
Rodrigo Augusto Fiedler