Recado de Carlos Drummond de Andrade...
E aí, José? Reaja...
(Excerto do poema "José" de Drummond, o fragmento abaixo nos convida para uma reflexão além do viés da arte. Nos convida a nos confrontarmos conosco mesmos e sair, definitivamente, do estágio de letargia, muitas vezes causado pela depressão, ora pelo medo paralisante de se viver uma vida plena - de fato, abandonar os casulos, é para poucos... né, José?)
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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