sexta-feira, 24 de maio de 2019

"Lembranças"

"Lembranças"
Lembro-me da minha avó rezando uma espécie de terço
E de mim, em pé, no berço
Tentando entender aquele momento
Que funcionava como unguento
Para as feridas da alma...
Lembro das vezes que fomos, fim de tarde, na padaria
Comprar "meia bengala", para outros "meio filão"
Como eu me esqueceria
Destas tardes que não passaram em vão
Tinha o café com leite e o pão com mel
Aquilo - tão simples e delicioso - nos levava ao céu
Era nosso lanche diário
Que guardo no meu melhor relicário
São imagens que se fundem com saudades
São as minhas verdades
Das quais jamais vou abrir mão...
Mas minha avó envelheceu
De muitos cuidados padeceu, cuidados diários
Afinal ela adoeceu e não podíamos fazer o contrário
Da padaria e do tal do café ela foi para um leito, acamada
Mas nunca ficou sozinha ou desamparada
Ficamos ao lado dela até o momento derradeiro
Gritamos por socorro ao mundo inteiro
Não haveria de sobrar muito tempo
Portanto, cada momento
Se fazia único e especial...
E assim foi! É a roda da vida!

Rodrigo Augusto Fiedler

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