segunda-feira, 15 de abril de 2019

"Pai"

"Pai"
É muito fácil, em tempos modernos, falar do ausente
Daquele que não comparece
Simplesmente se esquece
Que tem um rebento
Difícil, talvez desafio
É falar daquele, que dia após dia
Coloca toda sua energia
Orgulho caráter e brio
Não tropeça nos fios
E traz muito mais do que o pão
Para dentro de casa
Difícil, nos tempos de hoje
É falar de presença
Daquele que sugere uma crença
E reza o Padre Nosso antes de irmos deitar
E que mesmo antes de levantar
Já está com a "lida" eleita
Barba feita
Pronto pra ir trabalhar
Não só para trazer o sustento
O pão, a carne, o alimento
Mas aquele que traz o modelo
Do que é ser um homem de zelo
Pelas dificuldades que o tomam hora após hora
Às vezes o afago não tem como ser agora
Mas chega implícito no ato de prover com suor
Digo mais sobre o que é ser um bom pai
Tudo que menos carece é um laço cossanguíneo
É estar junto, mesmo à distância, perto ou longínquo
Acolhendo em braços que nem sempre partem do tórax
...
Posso dizer que hoje sou um bom pai
Tenho limites que não me permitem mais
Mas recebo, ofereço, troco - afeto e acolhimento
Estou pronto a todo momentos
Não só para secar lágrimas adolescentes
Mas para rir o riso dos amantes presentes
Estar lado a lado em curvas decadentes
Prontificado a aplaudir a história
Apagar o que de ruim ficou na memória
E uma vida plena construir...
...Justo eu que talvez não tenha tido um pai
Balela, fantasia - mentira - tive muito mais
Tive avô, tive padrinho e tive um bom sogro
Seu Carlos, Tio Augusto e até o Armando
Pessoas que fizeram de mim o que sou hoje
E que é motivo de muito orgulho
Muita algazarra, festa e barulho
Eu preciso sempre agradecer e comemorar,
Hoje sou pai, sou filho e não tenho de que reclamar
Sou um homem, que às duras penas construiu um caráter reto
E tudo isso veio do afeto
De quem me deixou tropeçar
...
E depois, com ares de sabedoria, passou muito ungüento sagrado e me fez despertar!
Rodrigo Augusto Fiedler
Para Professor Augusto Fiedler, Pastor Armando Maldonado e "in memorian" meu doce avô, Carlos Bastos do Prado!

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