sexta-feira, 12 de abril de 2019

"Geadas" - Payada escrita em versos gaúchos pelo meu amigo Anderson Mendonça

Meu amigo Aderson Lino, ou Aderson Mendonça, como queiram, é gaúcho de Bagé e região e nos presenteou com uma belíssima "payada", um estilo de Poema muito conhecido e muito recorrente no Sul do Brasil - é uma Ode ao nosso Regionalismo!

Conhece isso Flavio?
"Geadas"
Frio ingrato!!! Que faz a terneira berrar,
procurando a vaca para aquecer.
Ao cantar do galo, boto lenha no fogão
E aqueço a cambona.
Herança da minha velha mãe...
Mateio ao lado do fogão e o vento assobia na janela...
Converso com o meu melhor amigo de todas a lidas e campanhas que sempre me acompanha...
O chimarrão que o gaúcho não dispensa.
Sempre cevando e mateando...
Ao sair da cabana, bombeio horizontes que relembra os tempos de guri.
Lembrando lidas, campos, banhados, canchas, paleteadas, peleias e bailantas que jamais serão vistas e esquecidas...
Ao avistar o campo me bate o frio...
Frio que me doi o garrão que já não é o mesmo...
E avisa a velhice, junto com a costela quebrada que já não é a mesma.
Oigalê!!!! Tempos antigos!!!
Fui peão de estancia, peaoa campeiro e capataz
Ginete e domador
Tosquiei ovelhas com comparsas.
Lida sempre bruta.
E a geada aumenta com o passar dos ventos e a poeira branca que deixa sobre a grama...
Me vou para a campanha
E me lembro de tudo...
De já hoje agradeço meu patrão velho,
Por ter vivido nesta terra
Onde esta terra tem dono e herdo minha raça
Raça guarany, onde descansa este índio pura cepa.
À espera de Agosto onde se vai a geada com o romper da madrugada
E assim com boas lembranças.
Não sou payador, e sim missioneiro
Pura cepa me fiz aqui .
Neste rio grande velho de muitas querências e de muitas geadas.
Aderson Mendonça

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