terça-feira, 2 de abril de 2019

"Clube da Esquina"

"O Clube da Esquina"

Meninos de chinelas aos pés
Curtas bermudas
Longos sonhos
E muita música
Sentados, escondidos num cantinho de Minas
Reunidos sempre na mesma esquina
Entoando temas em Sol Maior
Tinha o Beto, o Telo ainda pequeno
O Wagner e o Fernando
Não eram muitos tantos
Que seguiam o Márcio e o Lô
O herói era o Nascimento, Milton brasileiro
Artista de versos faceiros
O incomparável bituca, que vinha sorrateiro
Por trás dos montes das "Geraes"
E assim, aos poucos surgiu um clube
Numa época de bar em bar
Nada de internet ou YouTube
Versos e frases feitas de papo pro ar
Quase tudo feito de primeira
E nem tinha uma feiticeira
Para em músicas, isto tudo, transformar
Veio as homenagens às Minas
Sempre partidas do Clube da Esquina
Paisagem na janela
Cavaleiro em Ribeirão e suas descrições mais belas
Veio o Trem Azul
Que cortava Minas de Norte a Sul
E antes que eu me esqueça
O Sol na cabeça...
E todo lixo ocidental
Que o cavaleiro marginal
Fez virar o ouro que vinha das Minas Gerais
Afinal somos do Mundo
E não somos mais
Gente deixada de lado
Nosso som não era calado
Se fazia sempre mais!
E o Girassol que tinha uma cor
Certamente dourada ou um tom de amarelo
Com a participação tímida do jovem Telo
Era mais do que uma tiara ou um decor
Fazia parte da decoração
Da menina de Minas de doce coração
Do alto de seus sedosos cabelos...
E ainda tinha o Toninho
E sua guitarra virtuosa
Por lá passaram os Venturini
E muita gente poderosa
O que era pra ser uma, de amigos, reunião
Amealhou uma multidão
E foi parar na voz de Elis Regina
Que dá Ponta de Areia ao Medo de Amar
Cantou o Clube da Esquina
Sem seus membros ofuscar...
Mas de tudo ficou, talvez, uma só mensagem
Daquelas que as pessoas jamais esquecem
É que mesmo em meio ao Lixo Ocidental
"Os Sonhos não Envelhecem"

Rodrigo Augusto Fiedler

Nenhum comentário:

Postar um comentário