quinta-feira, 11 de abril de 2019

"Insônia II"

"Insônia II"

Não é fácil de dormir quando aquela química toda, impregnada,
Macerada
Acostumada
Viciante e viciada
Não toma mais conta, nem do corpo
Nem da mente, nem de nada
Mantém no escuro do quarto
As luzes da consciência ligadas
As pálpebras dilatadas
As entranhas totalmente engessadas
Mãos paralisantes e paralisadas
Não há espaço pro riso
Nem pro sorriso
Nem lágrimas derramadas...

E o silêncio da noite corrói
Tudo doi
Os músculos do dorso se moem

...
Vira-se de um lado para outro lado
Sorrateiramente, de punhos cerrados
Barulhos calados
E mesmo quase anestesiado
Não se consegue dormir

...
Antes fosse a voz da consciência
Gritando uma falha, uma indecência
Antes fosse uma filosofia que transcendesse à ciência
Mas não é nada disso que ocorre
É só o sono que morre
Não se consegue dormir

...
E viro mil vezes buscando no fétido travesseiro
Um minuto que se percorra inteiro
Que tenha ao menos sessenta segundos
Para que eu no escuro do mundo
Consiga dormir!


Rodrigo Augusto Fiedler

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