quinta-feira, 11 de abril de 2019

"Ansiedade"

"Ansiedade"

Vago pelas ruas imaginárias do meu pesadelo sem fim
Procuro portas abertas e destrancadas
Quero um encontro comigo, do meu eu, para mim mesmo
Procuro respostas exaltadas
Não aguento mais viver sob pressão
...
As batidas desconexas da alma
O descompasso do miocárdio, a falência do coração
O ar já não circula, pelo cérebro, pelas ventas, não atinge o pulmão
Fico sempre na espreita, na espera
Certa feita, talvez quisera
Ouvir algo que se diferenciasse do não!
...
Não consigo ser otimista
E olha que eu vivo uma vida purista
Não que eu não insista
A fugir desesperadamente do "não"
Isso me torna pessimista
Cético, desacreditado, com meu eu, intimista
Só eu e meus transtornos entendemos se há um motivo
Embora todos digam que "se ainda" estou vivo
Vale à pena viver!
...
São anos de tratamento
Remédios trocados a todo momento
Ritalina, codeína, Quetiapina
Alprazolam e Amplictil
Lorazepam e Rivotril
Ansitec e a "puta que o paril"
Cargas venenosas de Lítio
Doses cavalares de Valproato
Haldol e seus decanoatos
Todo tipo de "baratos"
E a Ansiedade não vai embora
...
Cada vez me sinto mais neurótico
Um louco, um demente, um psicótico
Queria apenas ser normal, e se não desse
Ao menos Normótico
Abandonar o olhar quase robótico
De quem sempre espera pelo pior
...
Quero sorrir a manhã do pio dos passarinhos
Ver a vida com carinho
E com Deus me entender!

Rodrigo Augusto Fiedler

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, pela forma poética e despojada de se expressar e forma cativante como se expressou em Ansiedade.
    Meu abraço, Arnaldo

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