domingo, 13 de outubro de 2019

"Shine On"

"Pink Floyd - Shine On"
Diamantes loucos com brilho intenso
Vibratos tensos de uma guitarra que chora
Músicas de ontem que se refletem no agora
Poesia musicada
Arte cantada
Melodias encantadas
...
Há política
Crítica
E nenhuma apologia
Talvez uma breve ideologia
Uma belíssima proposta
Que sempre que ouvimos, nos mostra
O quanto é bom ouvir música boa
Ficar de papo pro ar, numa boa...
E apenas sentir
E em nossa alma imprimir
Algo que vai além de som e imagem
Tatuagem
...
Uma marca que não se desfaz com o tempo
Desde os primórdios, do advento
E fica para sempre!
Imortal!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Tempos Modernos"

"Tempos modernos"
Ônibus sequestrados
Professores assassinados
Homoafetivos desprezados
Umbandistas esculachados
Menores escravizados...
Territórios carbonizados
Pais de família desempregados
Animais de rua espancados
Pedestres, coitados, atropelados
Sonhos antigos de outrora, ceifados...
Uma multidão de ignorantes calados
Políticos estúpidos homenageados
E nós, povo idiota com vida e marcha de gado
Um povo, realmente, marcado*
Com futuro condenado
Nunca mais aposentados
Exauridos e esgotados...
E um último grito, na garganta calado
Não ouvido, nem sequer interpretado
É isso, frente ao mundo, estamos castrados
Impotentes, machucados
E nem para descansar podemos estar deitados
Enlouquecidos e embriagados
Fim da linha, fustigados
E nem pela manhã, nós não nos sentimos acordados
O fato é:
Carentes, descrentes e por fim,
Abandonados!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Arrependimento"

"Arrependimento"
Se eu me rendesse
Me arrependesse
Voltasse atrás
Se eu entregasse
Se eu compreendesse
Recuasse sem medo
Se eu me medisse
Me avaliasse
Me olhasse no espelho
Se eu insistisse
Se peregrinasse
O caminho de Compostela
E se eu chorasse
Me ajoelhasse
Me perdoasse...
Haveria, ao menos uma mão
Acenando para mim e acolhendo o meu perdão!
Rodrigo Augusto Fiedler

"metalinguagem da Poesia II"

"Metalinguagem da Poesia II"
Versos sem música
Ou musicalidade...
Versos sem ritmo
Não são de verdade...
As rimas não são necessárias
As formas podem ser várias
Quem sabe uma questão de estilo
Apenas uma vertente
Que atinge muita gente
Ou, de repente,
Quase ninguém...
Infelizmente, no Brasil, poesia é para poucos
Malucos, pirados, apaixonados e loucos
Mas se estiver ligada à música
Torna-se, facilmente, uma obra quase pública
E abandona o anonimato
Torna-se delicioso prato
A se degustar aos pouquinhos
Distante de hábitos mesquinhos
...
É o prazer de provar o néctar
E poder gozar com a alma!

Rodrigo Augusto Fiedler

"Diamantes"

"Diamantes"
Não sei se era o céu de diamantes de uma Lucy criada por John
Ou se os diamantes brilhavam, loucos, na paranóia de Syd...
Nem sei se os diamantes eram de verdade,
Ou pequenos fragmentos de vidro sem valor...
Sei que, de certa forma, contra luz, emitiam cor
Arco-íris gerados pelo prisma do primor
Coloriam
Valiam
Exalavam um perfume adocicado
Amorteciam as narinas e por quase nada, me deixavam drogado
Inebriado
Dormindo em silêncio, porém acordado
...
Diamantes, não sei como os avaliar
Não sou ninguém pra valorar
De longe ou de perto, me restava adorar
E eu sem eles não ficava
E com eles, jamais, sóbrio eu estava
...
Seus brilhos tão peculiares e talvez individuais
Ressalto, não sei se verdadeiros ou naturais
Me tornavam, tornam ainda
Uma outra pessoa
Que numa esfera tão linda
Tão imersa na fantasia
De jeito algum me permitia
Viver sem eles, um minuto sequer...
Rodrigo Augusto Fiedler

Professores

"Professores"
Quem educa precisa amar
Ensinar implica dedicação
Acolher e estender a mão
Não é um gesto ora solidário
É a ferramenta do operário
Que constrói pilares do saber...
Quem educa precisa amar
Ensinar implica devoção
E por mais que o retorno seja um sonoro não
Não se pode desistir
É corriqueiro insistir
A tentativa é diária
E mesmo que sejam várias
A proposta é a repetição...
Hoje, já não se pode dar um abraço
É sugerido que não se contruam laços
A interpretação, de forma variada
Acaba sendo deturpada
E se confunde com sedução...
Mesmo assim acredito nas fiéis ideologias
Que Darcy e Freire pensaram um dia
Levar ensino acolhedor
Para quem sequer tem um cobertor
Passa fome no estio
No inverno morre de frio
E geralmente não tem quase nada
Não existe milagre, nem magos e nem fadas
Existe sim, professores e alunos de mãos dadas
Perseguindo a libertação...
São Thiago diz que a fé sem obras é morta
Bem por isso, mantenho aberta a porta
E deixo meus alunos entrarem
No meu consciente adentrarem
E fazerem, sim, parte da minha vida
É essa a essência da lida
De quem não legisla em causa própria, individual
Propõe equidade e uma proposta única, sempre igual
Promovendo assim a inclusão
Tirando deficitários da exclusão
E tornando o mundo, quase do cão
Numa janela de oportunidades
Para homens e mulheres, crianças de todas idades...
Fazendo do ensino, mais do que arte
Uma forma de oração!
Rodrigo Augusto Fiedler

Como eu gostaria...

Como eu gostaria...
Que as pessoas se encontrassem com a leitura!
Que as pessoas buscassem informação (e, se possível, formação)!
Que os Professores fossem vistos como sacerdotes (bem) "remunerados"!
Que a poesia penetrasse em corações tão duros!
Que soubessemos AMAR sem querer, sugerir ou exigir nada em troca!
Que o mundo fosse menos competitivo e bem mais igualitário!
Que "um Deus" (individual, sim) pairasse sobre as cabeças de todos e, que todos correspondessem com fé e gratidão!
Como eu gostaria que as flores da primavera e as temperaturas amenas do outono nunca fossem embora!
Como eu gostaria de trocar abraços sinceros e despretensiosos com todos aqueles que me cercam de alguma forma...
Como eu gostaria...

"A Morte!"

"A morte"
Já é muito triste quando ocorre com os outros
E nosso apego, cheio de amarras e egoísmos, não torna a partida pacífica
Pior é quando nós mesmos morremos, e, inexplicavelmente, permanecemos de olhos abertos
Morte fragmentada
Nem tampouco consolidada
Morte não cremada
Nem tampouco, com flores, enterrada
Morte precoce e angustiada
Que tira meus pés do chão
Alça meu ser da realidade à ilusão
E me torna vulnerável e abstido
Exatamente como se eu tivesse ido para o lado de lá...
Mas não fui...
Algo de mim ficou
Uma centelha, por menor que seja, ficou
E, talvez seja nisso que tenhamos de apostar nosso apego
Para podermos reverter a angústia em sossego
E, bem devagarinho, voltar a viver
Sem em nada precisar
O terceiro dia esperar
Para que dos céus para que nunca fui
Possa descer
E, quem sabe, ressuscitar!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Razão"

"Razão"
Perdê-la me parece fácil
Tão consistente que chega a ser tátil
Escorre por entre dedos mal amarrados
Evapora de cérebros atrasados
Faz-se nula nos que preferem ficar calados...
E assim foge-se a razão, à contramão
O poder de questionar
De aprender e noutros tempos ensinar
É necessária a razão até para amar
Pois, diferente do que se pensa e crê
A razão não é o contrário de emoção como disseram para você
São coisas distintas, embora complementares
Nascidas na alma e na mente ainda nos lares
Não se aprende na escola
Nem no grito de gol, dum jogo de bola
Razão é o patrimônio
Emoções são os hormônios
E as emoções não se perdem, transmutam
Já a razão, ora diminuta
Varia de acordo com a luta
Imposta por si a consigo mesmo
Não é uma qualidade perdida ao esmo...
Faz-se necessário:
Mil tipos de movimento contrário
Para que, por exemplo, entre o sim e o não
Com o poder de decidir ou acatar sugestão
Eu me faça pensante
Abstenha-me da PAIXÃO e dela fiquemos, todos nós, bem distantes
Para poder, imparcialmente,
Agir, o Homo Sapiens que é gente
Dotados de muita (e pura) razão!
Rodrigo Augusto Fiedler

"Trilhas"

"Trilhas"
Não foram deixados rastros
Nem sequer se sabia o caminho
Não havia parâmetros
Nem tampouco um guia
Clareiras
Rasteiras
Esteiras de folhas em meio à floresta
Podia ser em qualquer uma
Mas escolhi, de caso pensado, me aventurar nesta
E o fato é que pouco olho pra trás
O objetivo é cruzar as trevas e ir em frente
Descobrir-me como humano, como gente
Ultrapassar todos os percalços
Não sucumbir aos obstáculos
Fazer da jornada um espetáculo
...
Para o qual se batem as palmas em pé!
Rodrigo Augusto Fiedler

A Busca pela Razão Pura

"A busca pela razão pura"
Numa fração inferior ao argumento, mora a hipótese...
Base do pensamento que leva à própria verdade
Que transmite, do gênio, a compreensão
Que num processo dialético pode ser a tal via de duas mãos
Dados, fatos, números e estatísticas
Abordagens palpáveis, outras metafísicas
Nada, nunca, amparado em ideologias
Para se atingir uma verdade, somente a filosofia
E por mais que esta busca seja uma enorme luta
O fato é que, no processo dialógico, nada existe de verdade absoluta
São teses respondidas com o amparo das ciências
Não estão ligadas aos processos pregressos de uma crença
São talvez o fruto de experiências
Empirismo, sugestões
Inferiores às afirmações
Que, quase sempre difere do que a maioria pensa
E, por isso são descobertas
Deduções, conclusões e sínteses
Que com luz acesa e portas abertas
Enriquece todo um processo de saber
De analisar, quem sabe, compreender
E mesmo que não seja esta a intenção
É possível atingir uma lição
Egressa do embate de ideias, a compreensão
Que o poder do pensamento não é, jamais, finito
E, creio eu, poeta do absurdo
Que nada neste mundo escuro e turvo
Possa ser - quem sabe - mais bonito!
Rodrigo Augusto Fiedler

Um não à Tábula Rasa!

"Um "não" à Tábula Rasa"
Quando o poeta diz que prefere ficar com a "inocência da resposta" das crianças
Talvez ele não tenha se atentado
Que a inocência
Diferente da ciência que é da busca, um resultado
Pode ser (e estar) muito além da nossa compreensão
Não carece, exatamente, de indução
Há o que se chama instinto
Coisas que desde o berço eu sinto
Uma vontade louca de dizer, por meio e lágrimas, gestos e sorrisos
Que há, sim, um pensamento
Variando, freneticamente, a todo momento
Pois, Sapiens, somos desde o nascimento
E talvez só nos falte a formação
A busca por um esteio, a condução
Por caminhos tortuosos e difíceis que nos ampare em informação
E que se torne prático, com o poder da criação...
A "inocente resposta das crianças"
É, de verdade, um chamado à esperança
Talvez a abertura de novas brechas
Tão rápidas quanto o arco que impulsiona flechas
E que nos faz, adultos, reféns absolutos da dúvida
Se a razão dos pequeninos é cálida
Ou se talvez, sejam elas sólidas...
...
Crianças ensinam, muitas vezes, adultos extremamente gananciosos e prepotentes
A ser, no complexo dia a dia, um tanto quanto mais exigentes
Solidários, colaborativos e, numa outra esfera, resilientes
...
Enquanto a fase adulta nos inclina a dar ordens e mandar
Crianças, ditas pelo poeta, inocentes em sua verdade
Nos ensinam, simplesmente, a amar!
Rodrigo Augusto Fiedler

O que é ser brasileiro?

"O que é ser brasileiro?"
(Uma reflexão, ora poética, do Professor e Educador, Cronista e Poeta Rodrigo Augusto Fiedler, graduado e pós-graduado em áreas correlatas à Educação e aluno devidamente matriculado em Latu Sensu em Educação Especial e Inclusão)
Ser brasileiro é ter a certeza de que não se está só
É crer que os índios são donos da terra e a eles não sobrou nem o pó
Da estrada
Da mata queimada
Das reservas exploradas...
Ser brasileiro é ter a certeza de que tempos melhores virão
Que se faz necessário dizer: #EleNão
E para bandeira americana jamais bater continência
Acreditar no desenvolvimento da nossa ciência
De nossas faculdades
Universidades
De classes, as entidades...
Ser brasileiro é acreditar que "ainda" precisamos do Estado
De regulamentações que não deixam de lado
Pessoas fadadas à tristeza
Moradoras dos bolsões de pobreza
Que desconhecem, do Brasil, a beleza
E que usam um cabresto autoritário
Imposto por um capitalismo totalitário
Que exclui ao invés de incluir...
Ser brasileiro é amar os negros, os migrantes e estrangeiros
Uma terra de todos na qual não há forasteiros
Um país desenhado por Freire e Ribeiro
Que acolhe todo tipo de gente em sua eterna miscigenação
Que não possui DNA nem na palma da mão
Um país que é de todos
Um só coração
Que merece mais cuidados e o dobro da atenção...
Ser brasileiro implica em aceitar (e amar) homossexuais
Entender todos os cidadãos como iguais
E não praticar apartheid velado
Racismo, preconceitos
Abolir os truculentos preceitos
De uma burguesia totalmente confusa
Extremamente radical e obtusa
Que se entende como dona do poder...
Ser brasileiro é compreender que o meio-ambiente é prioridade
Que indústrias se instalam em cidades
E que o avanço do Agronegócio de forma desenfreada
Faz a Amazônia devastada
Totalmente diminuta
Com extensas áreas queimadas
...
Ser brasileiro não implica em mais nada...
Apenas gritar: Brasil, pátria amada!
Sem o viés do fascismo
E nem muito menos do comunismo
É viver em plena Democracia
Abstida 100% de Ideologia
...
É repensar um país possível
Que há de oferecer ao seu povo incrível
O que de fato significa Abolição!
Rodrigo Augusto Fiedler

Por Menos Marketing e mais Filosofia

"Por menos Marketing e mais Filosofia"
(Homenagem ao caro Luiz Felipe Pondé e meu genial amigo Caio Braga - espero, honestamente, estar à altura de vocês)...
Menos vendas e mais retenção
Menos argumentos e mais verdades
Menos solos e mais infinidades
Afinidades
Por muito menos embates, que sobrem infinitas variedades
Por menos discursos e mais cursos
Digo não à persuasão
Fico, impávido, à solução
Algorítma e matemática
Filosófica, porém estática
Ética
Estética
Nada métrica...
Por menos "coaches" e mais professores
Por menos insights insanos
Por mais planos, mestres e doutores
Por menos marketing capitalista e muito mais filosofia realista
Enfim, pelo retorno à Ágora
Formada pela egrégora
Que transpõe a mágica
Que não precisa ser plástica
E muito menos estúpida
Como a troca que se faz de todo um projeto
Ambientado por quem garante seu teto
Angariando moedas - vil metal
Invertendo valores - maldito maniqueísmo: o bem e o mal
Açúcar ou sal...
Cá entre nós, sem excessos
Esta fórmula pronta, vendida nas redes, nada tem de sucesso
É o ocaso da viamão
A sentença da solidão
Perdidos na contramão
À filosofia digo meu sim
E ao marketing: replico meu não!
Rodrigo Augusto Fiedler

O Espelho

"O Espelho"
O espelho cristalino me mostra as rugas
Cabelos brancos, barbas grisalhas...
E mostra muito mais:
Aponta, na minha história, virtudes e falhas
Ressalta a memória ou coisa que o valha...
Mostra muito mais quem sou
Do que sempre sonhei ser
Porém me contento como estou
Vai além do que possa parecer!
Enfrentando o espelho à minha frente
No mínimo descubro que gente
A vida construiu em meu ser!
Espelhos, reflexos e imagens...
Muito além das paisagens
Mostram, claramente, meu interior!
Rodrigo Augusto Fiedler

Memórias

"Memórias"
Memórias nos carregam pelo tempo
Do fim das coisas, das pessoas sem fim
Ao advento
O advento da imortalidade
Que para se fazer uma verdade
Quase absoluta
Verdade resoluta de uma crença particular
Que transcendem as paredes do meu quarto e até da sala de estar...
Memórias quebram as algemas da solidão
Faz de nós
Elementos a sós
Acompanhados de uma perene imagem
Reconvexa, espelhada e refletida na viagem
Astral
Outrora espiritual, ou metafísica
De difícil compreensão
Mas fácil, bem fácil aceitação
A memória nos liga com tantos tempos idos que se refuta em saudade
Nostalgia, hoje, amanhã ou na terceira idade...
Passaporte eterno do caminhar pelas estrelas
Do universo redivivo e colorido
Que cala o choro e silencia o gemido
E que nos faz companhia
Na brisa suave de um domingo de manhã!
Rodrigo Augusto Fiedler

Sobre Armas e Versos

"Sobre armas e versos"
Chegue você com suas armas
E eu te darei livros
Insista em me abordar com suas armas
Corresponderei com poemas...
E se tu chegares com sua empáfia
Hei de lhe dar um abraço
Se ainda assim seus dedos estiverem, soltos, num gatilho
Acredite: vou recitar um velho Manoel de Barros...
E se o confronto de tuas armas com minhas letras levar-me ao solo?
Daí eu lhe darei as minhas lágrimas e tenha certeza:
No mundo da paz que sonhei em "Shine On", cada gota há de se tornar um eterno diamante!
Não, as armas não vencem os versos...
Rodrigo Augusto Fiedler

Eu Sou

"Eu sou!"
Sou um compêndio de tudo que li, das músicas que ouvi, dos filmes que arrancaram-me lágrimas, das inúmeras sinfonias que me fizeram aplaudir, das peças que me fizeram pensar...
Sou um trecho da estrada que me levou à libertação intelectual, sou filho do Deus que escolhi e nomeei para ser só meu, sou irmão dos irmãos que não nasceram de ventre amigo, e, creio eu, sou um ponto de convergência no Universo: um ser único que arrisco voos cósmicos sem as asas de Ícaro...
Sou a lágrima do torcedor branco e preto que verte tanto na vitória, quanto na derrota; sou o giz que rasga a lousa vomitando um milhão de palavras, outrora desconexas que hoje, com esforço, passaram a fazer sentido...
Do cadeado sou as chaves
Das algemas sou o punho
Dos gritos sou o silêncio
E não tenho medo de suas pedras
Nem tampouco de seus julgamentos...
Não tenho medo do câncer, do sono ou da morte, pois da morte, sou ressurreição!
Da semana sou segunda e posso ser sábado, do calendário, a data festiva, das mãos:
Sou os anéis!
Sou um em um milhão e também sou um milhão e mim mesmo, pois estou quase certo, que quando digo meu potente argumento do não, supero o espectro da morte e confirmo:
Sou ressurreição!
Rodrigo Augusto Fiedler

Baixo Augusta

"Baixo Augusta"
Punk Rock irreverente do inferno que não é do tal satã
Drogas lisérgicas mais potentes que o veneno da maçã
Uma rodinha, um violão
Vinho, fogueira, beijos na boca
Um tesão
Liberdade anunciada com pitadas de transgressão
Mas não havia culpa
Não tinha como dizer não!
Teatro de rua, saltimbancos e parlapatões
Praça Roosevelt com suas putas
Cafetões
Capitães da areia do asfalto
Movidos pela força do assalto
Mas não é só crime não
Submundo colorido
Aprazível
Muita gente com histórico incrível
Desce a ladeira da contramão
...
Desde os anos 80
E pra toda eternidade
No útero da cidade
Dando a luz para um novo amanhã
Rodrigo Augusto Fiedler