sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

"Sobre os anos e o tempo"

"Sobre os anos e o tempo"
Os anos simplesmente iam passando...
Passavam como vento, um trem desgovernado e eu nem sei se tinham estações. Estas, do tempo, ou outras, de advento...
Muitas promessas de primeiro de janeiro, promessas que durante o ano inteiro iam sendo escondidas, sucumbidas, negociadas, simplesmente trocadas, quase sempre (...)
Por tragos, ora secos
Ora molhados...
Foi quando, depois de muitos anos
Muitos trens e muitas estações
Vi que naquela esfera frenética
Só minha vida patética não se desenvolvia
Então escolhi trocar os anos pelos dias e,
Vivendo a plenitude das 24 horas
Passei a sentir alegrias
E a ver planos concretos se formando
Limpo fui ficando
Sonhos alcançando
...
Os anos não eram mais de ventos
Nem tampouco eram tempestades
Eram somente frações do tempo
Nas quais vivi uma nova verdade...
Obrigado Tempo!

Sedação

"Sedação"
É cedo para estar sedado
mais cedo ainda para se estar acordado
O galo urbano não cantou
mas as gases e cordas lhe mantém imobilizado
O Haldol lhe segura calado
E, se reagir, Decanoato
são tantas as Quetiapinas, Olanzapinas e Topiramatos
Já é hora de se resolver este conceito
Ampliar o número de leitos
E se abrir - definitivamente - à Humanização

Metallica

"É difícil falar de Metallica"
É, de fato difícil, escrever sobre aquilo que nós, na qualidade de articulistas, não gostamos. Mas aí nosso editorial seria parcial e injusto. Falei - e bem - do Capital Inicial, do Lobão e hoje vou fazê-lo com o Metallica, banda que, em outro momento, receberia minha acusação de "mercenária e traidora", mas hoje não mais a vejo assim. Realmente o rock se reinventa e o Metallica foi o responsável, talvez, em ter dado fôlego para mais, pelo menos, 50 anos do bom e velho rock.
Eu nunca fui muito fã de Trash Metal, com excessões feitas ao Metallica, ao Anthrax e ao Slayer. Alguma coisa do recém-formado Megadeth.
Do Metallica tinha todos os discos, na ordem: Kill'n All, Ride The Lightining, Master of Puppets e And Justice for all... ouvia sempre que podia, o Reign Blood do Slayer foi, aos poucos, se tornando uma referência. O Rust in Piece da turminha do Mustaine recém-saído do próprio Metallica era quase insuperável.
Enfim, a seara do Trash Metal estava muito bem representada. Gostaria de deixar claro que, diferente da maioria, Ride the Lightining, segundo álbum do Metallica, na minha opinião é o melhor álbum de Trash Metal da história: é, exatamente, onde tudo começou. O Slayer e o Reign Blood jamais teriam existido sem sentar na cadeira elétrica sinistra de Lars, (Mustaine), James, Cliff e Kirk.
Curiosidade: embora meu lado Metallica seja um lado menor, nas costas da minha primeira de couro foi a capa do RTL (de 86 - no Brasil, eu tinha 12 anos).
Partindo para as observações:
1. Bom, eu não sou bobo para não gostar do Trujillo, mas vejo ele melhor no Infectious Grooves (grande projeto) do que no Metallica.
2. Eu, às vezes sou purista e Álbuns como o Black (1991) a princípio, me fizeram muito mal. Nesta colcha de retalhos coloco o (para mim) péssimo, No More Tears do Ozzy... mas vim, ao longo do tempo perceber que flertar com propostas menos agressivas, temas ora românticos, ora reflexivos, muito mais ia ampliar o universo do Metal como um todo... acabaria a segregação e Nothing Else Matters hoje é tocada por violinos e quartetos de cordas, inclusive em batizados e casamentos.
Por um momento achei que tudo fo mundo do metal deveria ser negro e soturno...
Bruce Dickinson gravou All Young Dudes do Bowie e, desra forma, passo a passo, o metal vêm sofrendo suas alterações. Interessante como o Metallica se coloca na mesma ponta de uma mesma corda. Em 1985 criou o Teash com todo seu barulho de guitarras retorcidas e em 1991 nos presenteia com um dos dedilhados MAIS bonitos e OBRIGATÓRIOS que um aspirante a guitarrista deve saber: o início suntuoso de Nothing Else Matters.
Rodrigo Augusto Fiedler para o Portal: https://gbuscadaverdade.org e para o Blog: http://psicoversos01.blogspot.com

Raulzito

Raul dos Santos Seixas...
o Raulzito!
Eu tinha 12 anos, era 1986 e Raul, ainda vivo, estava bastante decadente. Tragado pelo alcoolismo severo (diferente do que se pensa, Raul usou drogas esporadicamente, princialmente boinhas, anfetaminas e barbitúricos) ele ainda era - ou já era, ja tinha, já carregava consigo a alcunha de Rei do Rock Nacional, ele sim, um mito além da própria existência.
E foi naquele verão de férias de escola, no início de 1986 que eu tive meu primeiro acesso REAL ao trabalho de Raul. Músicas como Gita, Medo da Chuva e Tente outra vez tocavam vez ou outra nas rádios difusoras daquele tempo, mas nada que permitisse um mergulho definitivo na arte, na poesia e na mística mítica de Raul.
Eu tinha um amigo dois anos mais velho - o Alessandro Valentim - inclusive meu amigo e apoiador até hoje que, vira e mexe, ouvia uma fitinha do Raul nos sábados pela manhã, quando ele, o Júnior, nosso amigo finado, o Tonico, outro finado e o Tico, da eterna Variant Vermelha se reuniam para lavar os carros dos pais e dar um rolê.
Eu e os meninos mais novos, ficávamos do outro lado da rua ouvindo músicas no meu gravadorzinho National e eu tinha uma fita - original - do The Police: Don't Stand So Close to Me 86'...
Os caras mais velhos ouviram e ficaram seduzidos pelas músicas do The Police que, na época, tocava obrigatoriamente em casas como a Pirâmide, a Contramão, a Toco e a Over Nigth (anos 80).
Foi aí que o Alê cometeu o ato mais impensado da vida dele e nestas, eu saí como sortudo: Ele saiu de dentro do belo Chevette branco de sua mãe, tirou a fita do Raul, pôs na capinha original e veio até mim e propôs uma troca:
- Rodrigo, topa trocar esta fita original do Raul - é uma boa coletânea, tem os maiores sucessos, por esta fita do The Police?
Pensei por uma fração de segundos e logo aceitei... (fizemos a troca mais justa e rápida de todos os tempos)
Imediatamente, pus a fita no meu National e no mesmo dia eu já cantarolava versos de Ouro de Tolo, Tente Outra Vez e Gita.
Cabe dizer que me tornei grande apreciador e até estudioso da obra e vida de Raul. Fiz certa e boa amizade com Roberto Seixas, sou filiado à Sociedade Alternativa e dou muito valor às ideias de Sylvio Passos, tenho todos os discos, livros, extras, piratas, bootlegs, MP3...
Cheguei à conclusão que nenhum trabalho musical e poético poderia ir tão longe. Raul não se correlacionava com os ouvidos de seus ouvintes, mas sim, com as almas.
E ainda carrego algumas curiosidades; trabalhei na central de atendimento da Peugeot Assistance e já havia um Rodrigo - passei a atender como Raul...
Anos mais tarde, no HSBC, também não poderia usar meu nomo, o mesmo aconteceu na Telefônica e assim fui me consolidando com o nickname de Raul...
Todas as minhas senhas, para tudo, envolvem trechos de músicas do Raul...
Finalizando... Tinha 15 anos e fui ao cerimonial na Vila Alpina, acompanhei o maior cortejo que já vi para um artista popular e hoje, 30 anos sem raul, meu sentimento é um "Só" - Saudade"...
Hoje a crônica é bem pessoal, com características ligadas ao meu relacionamento com a obra dele. Não vi a necessidade de postar uma biografia, aliás, a internet está cheia de biografias do Raul: escolha a sua!
Texto escrito para as Colunas Musicais do GBV e do Blog Psicoversos...

Janis Joplin

E as experiências, sempre:
De 1986, aproximadamente, a 1992, fui um contumaz colecionador de discos de vinil.
Muitos de vocês vêm eu escrevendo prioritariamente sobre o Rock e sua história, com alguns "pitacos" extraídos das minhas experiências e vivências... Pois bem! Hoje é o dia dela, da diva maior, da maior cantora branca que o mundo já viu: Janis Joplin...
Muito cedo, ainda com 13 para 14 anos já a seguia nas revistas da época que falavam sobre rock, tinha um único disco - o Pearl - justamente o último que mostra uma Janis Joplin madura com timbre mais rasgasdo e visceral do que em outras obras. Me and Bobby Mgee foi um clássico sem fronteiras e Get it While You Can? (e Mercedes Benz) está entre as musicas mais bonitas da história do Rock.
Mas eu era jovem e tinha os meus Gurus! O Grauco, um ano mais velho, tinha o Farewell Song, um disco e bom disco de Folk Rock e meu primo Fabio Cunha tinha o Cheap Trills e nada poderia ser melhor do que um disco que trouxesse em si mesmo Ball in Chain, Piece of My Heart e Summertime...
Fui com meus amigos e numa só tacada, fis quase a coleção oficial de vinis de Joplin, fora os extras...
Comprei o Cheap Trills, o Kosmik Blues, um Duplo ao Vivo, o Pearl eu já tinha e o Farewell Song, por acaso não tinha na loja.
Na capa de Farewell Song, não sei se é uma viagem minha, mas ela está feliz, um sorriso que não me parece ser de heroína e sim de rock, há pureza na foto, nos olhos e nos cabelos esvoaçantes...
Enfim, os anos passaram, perdi muitos discos para a Adicção Ativa (cheguei a vender 30 discos por 10 reais...  ) e, com isso nunca completei a coleção. Farewell Song, o disco que minha musa aparece mais liberta é justamente o disco que nunca tive...
Hoje tenho nos Streamings...
Finalizando:
Respeito e gosto demais da Etta James, da Aretha Franklin, das recentes Amy Winehouse, Joss Stone, mas creio mesmo, de verdade, que o mundo nunca viu e nunca vai ver nada parecido com Joplin.
A foto abaixo mostra Janis no seu melhor momento: envoaçante, como uma folha de carvalho ao vento!
Te amo!

Golpe de Estado

Não sei exatamente o porquê, mas tenho um imenso prazer em dividir com "alguns" leitores a minha saga junto a algumas bandas que têm ou tiveram importância em minha vida.
Hoje vou falar de uma banda que é desconhecida ou ao menos não lembrada pela maioria do público: O Golpe de Estado..
Idealizado pelo excelente (um dos melhores) guitarrista do eixo São Paulo x ABC, Hélcio Aguirra e pelo virtuoso baterista Paulo Zinner (Tutti-Fruttis, Rita Lee e Whitesnake...) a banda surgiu com a expectativa, semelhante aos esforços de Wander Taffo de se trazer o Heavy Metal ao Brasil, porém cantando em PORTUGUÊS.
A ideia era boa, pois em exatos 1985 para 1986, o Brasil passava pela sua explosão "rocker".Com isso os caras foram recrutando, montaram uma boa banda e encontraram a Baratos Afins sedenta de artistas que pudessem fortalecer o casting do pequeno selo paulistano.
Em 1986 foi gravado o primeiro disco, homônimo: Golpe de Estado e dele conseguiram uma tiragem (5000 cópias ) muito acima da média da Baratos que era de 1500 discos, A 97 Rock do ABC, emissora do lendário Vitão Bonesso tocava as músicas dos caras e a Pool Fm, mais tarde, (89, A Rádio Rock tovaba o Hit "Noite de Balada" ("...hoje é noite de balada, sorrisos na madrugada, feliz louca e embriagada,,,"). Foi um sucesso de crítica, mídia e público... Os caras era queridos nos Perdidos na Noite do então "ainda engraçado" Fausto Silva, na emissora dos Saad.
Agora que eu contei um pouquinho da história dos inesquecíveis Golpe de Estado, vou contar como os conheci...
O ano era 1991 e eu tinha 17 anos, mas já tinha porte e tamanho de homem. No Colégio onde estudava, tinha uma galera do metal e me lembro que com sobretudos pretos, meiões altos e coturnos, eu só com meu velho jaco de couro e All Star, fomos juntos de trem até a estação Prefeito Saladino, donde pegamos um ônibus que ia até as imediações do Aramaçã, Clube onde aconteceria o show... O Segurança não embaçou na minha e eu entrei de boa.
No evento, além de arrumar uma namoradinha (que morava longe pacas - pra lá da Vila Luzita - risos), eu me desvencilhei dos metaleiros lá do colégio e consegui, na sessão de fotos e autógrados ganhar o couro da RMV da bateria do Zinner...
Sempre na glória absoluta.
Fiquei alguns anos sem seguir os caras até que em meados de 2008 ou 2009 vi o Catalau, ex-vocalista do Golpe numa cena lamentável nos trens da CPTM. Ele tocava velhos hits de rock num violão de terceira para juntar uns trocados, Dei a ele umas moedas e pedi, tanto para fazer fotos, quanto para dar um abraço. Naquele vagão tinham umas 300 pessoas - fácil! Só eu reconheci o Catalau!
Se não entrou para memória de muitos, entrou para a história da minha vida e dos meus causos.
Artigo produzido para o Portal GBV - http://gbuscadaverdade.org e para o blog http://psicoversos01.blogspot,com

Johnny Cash

Johnny Cash: da morte à ressurreição
“Meus braços são muito curtos para lutar com Deus.”
Cash nasceu em 26 de fevereiro de 1932, em Kingsland (EUA), e morreu em 12 de setembro de 2003 morria, em Nashville (EUA), aos 71 anos. Quando pequeno, uma tragédia familiar afetou para sempre sua vida. Em 1944, o irmão mais velho de Cash, Jack, morreu após um acidente em uma serra de madeira quando eles trabalhavam em um campo de algodão. Neste dia, Cash tinha ido pescar e se sentiu culpado pela morte do irmão.
“Sucesso e drogas”
Às vezes eu sou duas pessoas. Johnny é o agradável. Cash causa problemas. Eles lutam.
Sua ligação com a música, ao menos na infância, foi pela música gospel. Ainda muito jovem, Cash começou a tocar violão e a compor. Em 1955, ele emplacou os primeiros sucessos com "Hey Porter" e "Cry Cry Cry". Nos anos 60, sua carreira decolou e, ao mesmo tempo em que experimentava o sabor do sucesso, ele também deu início ao vício de anfetaminas e barbitúricos. Apesar de as drogas influenciarem no seu comportamento, ele manteve sua criatividade para emplacar mais hits. Contudo, seu comportamento destrutivo provocou o divórcio, confusões e algumas prisões.
Um pouco depois, Cash decidiu quer era hora de se desintoxicar e contou com apoio de amigos e de June Carter, que se tornaria sua esposa para o resto da vida. Em 1969, nasceu o único filho homem de Cash, John Carter Cash, do relacionamento com June. Entre 1969 e 1971, Cash teve seu próprio programa na televisão, que contava com a participação de astros como Neil Young e Bob Dylan.
“Nova guinada na carreira”
É bom saber quem odeia você e é bom ser odiado pelas pessoas certas.
Em meados dos anos 70, a popularidade e as canções de sucesso de Cash começaram a diminuir, mas sua autobiografia, intitulada "Man in Black" (de 1975), vendeu 1,3 milhão de cópias. Na década seguinte, contudo, suas gravações não provocaram grandes impactos. Neste período, Cash começou a trabalhar como ator em filmes. Em 1986, publicou seu único romance, �Man in White�, um livro sobre Saulo e sua conversão como apóstolo Paulo.
Nos anos 90, sua carreira deu uma nova guinada. Em 1994, gravou o álbum �American Recordings�, com versões de Cash para sucessos de artistas modernos como Tom Waits e a banda de metal Danzig. Em 1996, lançou �Unchained�, com canções do Soundgarden ("Rusty Cage"), Beck ("Rowboat") e participação especial do baixista Flea, do Red Hot Chili Peppers. Ironicamente, o álbum foi ignorado pelo meio country, mas ganhou um Grammy como o "Melhor Álbum Country".
Em 1999, passou a sofrer de problemas de saúde e foi obrigado a encurtar uma turnê. Em 15 de maio de 2003, sua esposa June Carter morreu, aos 73 anos, por conta de complicações após uma cirurgia no coração. Quatro meses depois, no dia 12 de setembro, Cash morreu por causa de diabetes, aos 71 anos.
Artigo preparado, pesquisado e editado para a Coluna "Uma viagem musical de A a Z" do portal GVB - http://gbuscadaverdade.org.br
e para o Blog Psicovesos - http://psicoversos01.blogspot.com